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Militantes Reprimidos no Rio Grande do Norte
Mailde Pinto Ferreira Galvão
Livros
e Publicações
1964.
Aconteceu em Abril
Mailde Pinto Galvão
Edições Clima
1994
Golpe
na Memória
Por
todo o país, convivendo bem ou mal
com os seus traumas, há centenas
de vítimas do golpe de 64 com muita
coisa para contar daqueles tempos de escuridão
e terror. O ideal seria que todos pudessem
no papel a experiência vivida e se
formasse uma imensa bibliografia, para que
não prescreva jamais o nosso direito
de indignação.
Em Natal, começam a surgir os primeiros
livros sobre a repressão de 64. Moacyr
de Góes, no seu “Sem Paisagem”,
registra a provação por que
passou sob a paranóia verde-oliva.
Agora, Mailde Pinto Galvão traz a
público sua via-certa sua via-crucis
pelos quartéis e interrogatórios.
Escrever memórias da prisão
é escalavrar cicatrizes, meter o
dedo na ferida, reviver traumas. A lembrança
de um interrogatório no vem tão
forte que pudemos sentir o hálito
do torturador. Logo, o mérito maior
de quem põe em livro essas recordações
é não deixar que o passional
tome conta da narrativa; é não
criar versões para os fatos; é
não permitir que o ego se sobreponha
aos nossos medos.
Este
1964 – Aconteceu em Abril é
um exemplo de narrativa equilibrada. Mailde,
com a sensatez e a dignidade que os amigos
tanto admiram nela, escreveu um depoimento
que enriquece a bibliografia sobre o assunto.
O livro pode ser dividido em duas partes.
A primeira é um levantamento do que
ocorreu em Natal, no início de abril
de 1964, com pesquisas nos jornais da época
que mostram apoios oficiais ao golpe, o
clima de terror que se instale, as primeiras
prisões.
As
memórias que ocupam a segunda metade
do livro são um mergulho na zona
sombria em que se encontram as lembranças
mais dolorosas da autora. Mailde não
se recusa a trazer à luz o sofrimento
e a angústia dela mesma e de suas
companheiras de cela. Os detalhes não
foram esquecidos. Os torturadores estão
lá, com suas tramas e seus nomes
próprios. A tragédia de Djalma
Maranhão é relatada num tom
que clama por uma biografia urgente daquele
que morreu de amor por Natal, desesperado
no exílio.
Nenhum
sofrimento foi posto à margem Mailde
não esqueceu de nada. O seu livro
pede tacitamente para ninguém esquecer
os violentadores da nossa liberdade.
Rio
de Janeiro, abril de 1993
Nei Leandro de Castro
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