Comitê
Estadual pela Verdade, Memória e
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Textos
Aldemir
Lemos
Daniel Dantas Lemos
Na
vida, a gente escolhe companheiros mas não
parentes.
Logo,
quando os companheiros que a gente encontra
na vida são, ao mesmo tempo, nossos
parentes, a força da luta se amplifica.
Assim, é meu primo Aldemir. Conheci-o,
ainda criança, na luta sindical.
Sobrinho
de meu pai, Rubens Lemos, até pela
proximidade de suas idades, eram mais que
irmãos.
Até
hoje, Aldemir, o Velho, ralha comigo quando
eu digo a alguém que ele é
meu primo: “Sou seu tio. Rubens era
meu irmão”.
Os
seus feitos em parceria começaram
ainda na infância - histórias
contadas aos risos para diversão
da família.
Certa
vez, moravam com um cunhado, pastor evangélico,
e combinaram uma estratégia para
fugir do culto no domingo à noite:
Aldemir pulou a janela e correu para a praça.
Meu pai virou-se para o pastor: “Vou
pegá-lo”. Pulou atrás.
E a noite terminou com cinema, em vez de
louvor a Deus.
A
caminhada em companhia seguiu pela vida.
Inclusive na militância política
e partidária.
Ambos,
Rubens e Aldemir, estavam juntos no Partido
Comunista Brasileiro Revolucionário.
Como o Velho sabe que meu pai nunca entregou
ninguém sob tortura? “Se tivesse
feito, eu era o primeiro a ser preso”,
diz. Aldemir, mesmo no PCBR, nunca foi preso
ou exilado como Rubens.
Juntos,
no PCBR, entraram no PT no início
dos anos 80. Juntos fizeram uma quixotesca
campanha a governador em 1982 cujo candidato
era Rubens Lemos. O slogan lembrava a luta
do trabalhador rural: “Terra, Trabalho
e Liberdade”.
A
campanha foi encerrada por um comício
na zona norte de Natal. Aldemir dirigia
uma kombi e procuraram uma aglomeração
para o discurso improvisado de meu pai.
Enquanto falava, vem cabisbaixa uma pessoa
que informa ocorrer ali um velório.
Aldemir
sempre foi um homem de reflexão política,
da atuação militante nos bastidores
das disputas políticas e eleitorais,
não apenas na arena pública
como também das disputas sindicais
em que se envolvia.
Responsável
pela formação teórico-prática
de toda uma geração de políticos
da esquerda potiguar, temido e respeitado,
o Velho é referência da luta
do povo e das causas sociais no Rio Grande
do Norte. Coerente de alma profunda comprometida
com o compromisso com a vida dos explorados,
do precariado, do trabalhador que se degladia
contra dragões da maldade do cruel
e excludente capital.
Herói
e referência. Afeto e luta. Tem me
ensinado a seguir na esquerda, sempre a
mais justa e a melhor escolha na defesa
do povo.
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