
Dom
Nivaldo Monte
Biografia
de Dom Nivaldo Monte
"Queira bem sempre. Como a menina
dos seus olhos"
Identificação
Dom
Nivaldo Monte, brasileiro, norte-rio-grandense, nasceu em Natal,
aos 15 de março de 1918. É filho de Pedro Alexandre
do Monte e Belarmina Sobral do Monte. De família simples
e pobre, agricultores, vinda do sertão pernambucano, mas,
profundamente religiosa e trabalhadora, teve seis irmãos
todos educados na fé, na união e no preparo para a
vida. Dela saíram um médico, um dentista, um farmacêutico
e três sacerdotes, entre eles, o Cônego Luiz Gonzaga
do Monte, falecido em 1944, mas considerado “sábio
e santo” em sua época e o Padre Orígenes Monte,
exemplar esposo e pai, virtuoso sacerdote, ordenado já adulto
e viúvo. De constituição franzina e saúde
frágil, mas, possuidor de uma personalidade forte e destemida,
Dom Nivaldo não se rendeu aos desafios da vida, vendo sempre
dilatados os limites de suas aspirações, procurando,
no seu dizer, “pisar firme, pensar alto e ver longe”.
Estudos
Fez
seus estudos secundários no Seminário Menor de Natal,
iniciados em 1931, com apenas 13 anos, complementando-os com os
de Filosofia e Teologia realizados no Seminário Maior de
Fortaleza, no período de 1934 a 1938, tendo participado de
diversos cursos de atualização para sacerdotes e Bispos,
bem como variados cursos de especialização e extensão
universitária. Possuidor de uma inteligência perspicaz,
com a lógica do raciocínio revelou-se uma pessoa sempre
inquieta em perscrutar a verdade, penetrando, cada vez mais, no
mistério dos seres e dos fatos para descobrir novas formas
de ser e de existir.
Ministério Eclesiástico
Sua
carreira eclesiástica teve início com a ordenação
diaconal em 15 de agosto de 1940 e sacerdotal em 12 de janeiro de
1941, ministrada por Dom Marcolino Esmeraldo de Sousa Dantas, na
Catedral de Nossa Senhora da Apresentação (Igreja
Matriz) em Natal, com dispensa de idade concedida pela Santa Sé.
Seu ministério sacerdotal foi exercido, inicialmente, no
interior da Diocese, como Vigário da Paróquia de São
Gonçalo do Amarante (1941), e das Paróquias de Goianinha
e Arez (1942/1943), sendo animado pela mística da vocação
e pelo zelo pastoral.
Transferido para a sede diocesana, foi nomeado o primeiro Capelão
militar do Exército brasileiro, do continente, durante a
guerra, sendo oficial de ligação entre as duas guarnições:
brasileira e americana, no posto de Capitão, servindo na
Guarnição de Natal, como Capelão (1943/1944).
Com Padre Eugênio de Araújo Sales, hoje Cardeal emérito
do Rio de Janeiro, foi um dos fundadores do conhecido Movimento
de Natal, pioneiro em iniciativas que se estenderam ao âmbito
regional e nacional, contando com a colaboração de
uma equipe de sacerdotes: Padre Expedito Sobral de Medeiros, Padre
Manuel Tavares de Araújo, hoje, bispo emérito de Caicó,
Padre Pedro Moura e Padre Alair Vilar Fernandes de Melo, posteriormente
sagrado Bispo. Exerceu outras atividades como: Assistente Eclesiástico
da Juventude Feminina Católica Brasileira de Natal, cargo
que ainda exerce nos dias atuais; Assistente Eclesiástico
do Secretariado Arquidiocesano de Ação Social; Secretário
do Bispado de Natal; Presidente, Diretor e Consultor Eclesiástico
da Escola de Serviço Social; Secretário da Comissão
de Artes Sacras; Secretário do Conselho Diocesano; Pró-Vigário
Geral da Arquidiocese; Diretor Espiritual do Seminário de
São Pedro; Diretor da Divisão Técnica e Administrativa
“DITA” do Serviço Social Rural, Natal-RN; Membro
do Conselho Administrativo da Arquidiocese de Natal; Capelão
do Abrigo Juvino Barreto e do Colégio Nossa Senhora das Neves,
entre outras.
Nomeado Bispo em 1963, foi sagrado em 21 de julho do mesmo ano,
escolhendo como lema “Mihi vivere is Christus” (Para
mim o viver é Cristo) e designado Bispo Auxiliar do Arcebispo
de Aracaju, Dom José Vicente Távora, a quem serviu
com disponibilidade e dedicação, engajando-se no Plano
Pastoral da Arquidiocese.
Em 1965 foi nomeado Administrador Apostólico da Arquidiocese
de Natal, retornando à sua Cidade, sendo empossado em 9 de
maio do referido ano. Pelo Papa Paulo VI, foi nomeado, posteriormente,
como 2º Arcebispo Metropolitano da Arquidiocese de Natal, tendo
tomado posse em 17 de setembro de 1967, cargo exercido até
6 de abril de 1988, após sua renúncia ao Governo Arquidiocesano.
Seu pastoreio frente à Arquidiocese de Natal foi revestido
de incansável e fecunda atividade no campo pastoral e da
ação social, marcado por grande fidelidade ao Papa,
profundo amor à Igreja e total dedicação, aliado
a uma grande simplicidade e humildade, exercendo o múnus
episcopal numa linha de serviço, diálogo e co-responsabilidade
com seus auxiliares. Por ele foram constituídos o Conselho
de Pastoral e o Secretariado de Pastoral, com representatividade
dos agentes pastorais. As marcas de sua atuação referem-se:
a uma pastoral de conjunto centrada na doutrina social da Igreja,
nos ensinamentos emanados da Santa Sé e nas orientações
advindas da CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil. Essas marcas se manifestaram no zelo e amor por seus sacerdotes
considerados por ele como a “pupila dos seus olhos”,
pela atenção com os seminaristas, pela confiança
e presença junto aos religiosos e religiosas e pela valorização
do laicato com a preocupação constante com sua capacitação,
reciclagem e engajamento.
Neste
sentido interessou-se pela formação dos seminaristas
e a expansão da Pastoral Vocacional, fazendo funcionar o
Seminário Menor e o Maior, sendo presença junto aos
mesmos através do ensino, da direção espiritual,
retiros e celebração da eucaristia. Fez criar um programa
de bolsa de estudos para sustento e manutenção dos
seminaristas, com grandes resultados.
Ordenou vários sacerdotes e esteve atento ao aperfeiçoamento
do clero dando continuidade à realização dos
encontros pastorais, mensais, em Ponta Negra e promovendo cursos
especializados para os mesmos, fazendo funcionar o Conselho Presbiterial
e a Casa de Campo do Clero, BR-101 por ele doada à Arquidiocese
como espaço propício a oração, reflexão,
vivência fraterna e lazer, realizando uma vez por mês,
uma manhã de oração e partilha.
Junto às religiosas, participou de reuniões especiais
com membros das diversas congregações, sendo presença
nas comunidades para celebração da eucaristia, pregação
de retiros, ministrando por muitos anos consecutivos um curso de
ascética e mística. Instalou novas casas de formação
para religiosas expandindo no interior, a experiência das
pequenas comunidades, criando o Vicariato Episcopal para as religiosas.
Em relação ao laicato fundou o Instituto de Teologia
Pastoral - ITEPAN - em 1955, objetivando o aperfeiçoamento
de sua formação e o melhor engajamento dos mesmos
nas mais variadas formas de atuação no campo social,
nas diversas pastorais e nos novos ministérios, como uma
maneira própria de serviço à comunidade humana
e eclesial.
Incentivou o processo de Educação Política
como melhor participação do leigo na sociedade e no
desenvolvimento de sua comunidade.
Sua visão no múnus de governar lhe deu o equilíbrio
da articulação com os poderes públicos e particulares,
numa linha de respeito e mútua colaboração.
Seu tino administrativo lhe possibilitou a gerência dos bens
econômicos e financeiros como suporte material para o desenvolvimento
do trabalho pastoral e social, sem prejuízo de sua expansão.
Fez funcionar o Conselho de Administração, hoje denominado
Conselho de Assuntos Econômicos, sendo seu Presidente nato.
Suas
atividades abrangem um universo diversificado compreendendo:
Magistério
a)
Magistério - foi professor de Latim, Grego, História
Natural, Psicologia, Psicologia Geral, Infantil e Aplicada à
educação e Psicologia da Espiritualidade, História
e Filosofia da Educação, Administração
de Obras, Moral Geral e Ética Profissional, junto ao Seminário
de São Pedro, Escola Normal, Escola de Serviço Social,
Escola Doméstica, Instituto de Ciências Humanas da
UFRN, além de ministrar cursos gerais e de extensão
universitária e palestras para leigos, religiosas e sacerdotes
em âmbito local, nacional e internacional. É membro
da Associação de Professores do Rio Grande do Norte
e foi Presidente da Sociedade norte-rio-grandense de Ensino –
Natal-RN.
Na
linha Social
b)
Na linha social – sua preocupação com o social
remonta a uma visão prospectiva e pioneira quando já
em 1945 fundava a Escola de Serviço Social, a 4ª do
Brasil (2ª no Nordeste), para preparar profissionais que pudessem,
com formação humanística e técnica adequada,
ser agente do desenvolvimento com ênfase ao trabalho comunitário.
Posteriormente
fundou no período de 1946 a 1955 diversos Centros Sociais
na área urbana e periférica da cidade, e em paróquias
do interior, visando um trabalho integrado na linha sócio
educativa e mais endereçado às camadas mais empobrecidas.
Daí surgiram o Centro Social Cônego Monte, em Natal,
Centro Social Leão XIII, Rocas, Centro Social Divina Providencia,
Natal , Centro Social Pio XI em Macau, Centro Social Leci Câmara,
Ceará Mirim, Centro Social Constância Freire, Macaíba,
Centro Social Dom Marcolino Dantas, Nova Descoberta, Centro Social
Nossa Senhora de Fátima, Rocas.
Atento
às pastorais populares foi em 1947 co-fundador com Dom Eugênio
de Araújo Sales da Obra do Bom Pastor, KM 06, em Natal, numa
ação preventiva à prostituição
de jovens e melhor qualidade de vida para as mesmos.
Fundou
a Casa da Empregada Santa Zita para a profissionalização
da empregada doméstica e melhor formação de
sua personalidade, ampliando outras áreas de atuação
das pastorais: da Terra, do Trabalho, Operária, Carcerária,
da Mulher Marginalizada e a Frente de Alfabetização
Popular – FAP.
Aliada
ao trabalho de construção da Nova Catedral, iniciou
no mesmo dia do lançamento de sua pedra fundamental a realização
do projeto de erradicação da favela do Passo da Pátria
na cidade e sua urbanização com construção
de casas, escolas, centro social, capela, dando melhores condições
de vida aos seus habitantes e à realização
de um trabalho sócio-pastoral.
Para
melhor estruturação e coordenação do
trabalho social que se desenvolvia e crescia na cidade e na grande
Natal, fundou em 1966 o Serviço de Ação Urbana
–SAUR, órgão responsável pela supervisão
do trabalho e capacitação de seus dirigentes, na área
urbana e suburbana da cidade.
Instalou
em 1978 a Comissão Pontifícia Justiça e Paz
como exigência da Santa Sé com atenção
voltada à prática da justiça social e criou
o Vicariato da Pastoral Social.
Fortaleceu
o trabalho do Serviço de Assistência Rural –
SAR, fundado por Dom Eugênio de Araújo Sales, com o
objetivo de trabalhar a área rural, promover seu desenvolvimento
e capacitar suas lideranças, exercendo um dos mandatos de
sua presidência e transferindo-o, posteriormente, para um
leigo, para poder exercer com mais tempo sua missão de pastor.
Através
dele foi realizado o projeto de Educação Política
numa linha profética e de evangelização libertadora,
por um trabalho de conscientização do povo no processo
de transformação da sociedade e mudança de
mentalidade para construção de um reino de maior justiça
e fraternidade.
Desenvolveu
o trabalho realizado pelo Movimento de Educação de
Base – MEB, responsável pelo ensino radiofônico
e acompanhamento de treinamento de pessoal nas áreas em funcionamento.
Foi membro integrante do Conselho Diretor Nacional do MEB, ligado
à CNBB, Brasília-DF.
Incrementou
uma experiência de reforma agrária na colônia
de Punaú, a primeira no gênero, em nosso País,
com excelentes resultados na distribuição da terra
e seu aproveitamento pelos colonos, através da Fundação
Pio XII.
Efetuou
uma reforma de solo urbano com a construção de casas
populares, em Emaús, BR 101, estrada de Parnamirim, beneficiando
mais de 140 famílias que passaram a conviver com uma estrutura
de apoio e um trabalho promocional e pastoral, vindo a se constituir
o Distrito de Emaús, nascido e fortalecido pelo seu amor
e sensibilidade às necessidades básicas dos mais carentes
e marginalizados.
Atento
às dificuldades dos mais desfavorecidos, numa linha de opção
preferencial pelos pobres, não exclusiva, nem excludente,
esteve presente nas bases, junto aos flagelados das secas ou das
enchentes, de mangas arregaçadas, levando sua solidariedade
e ajuda material, além de promover a montagem de projetos
visando uma ação mais continuada no combate aos problemas
advindos das diferentes realidades.
Estimulou
o programa de trabalho do SEAPAC – Serviço de Apoio
aos Projetos Alternativos Comunitários, voltado para motivação,
montagem e acompanhamento de projetos para o desenvolvimento das
comunidades do interior, favorecendo o mercado de trabalho e somando
iniciativas.
Reestruturou
a Cáritas Arquidiocesana, integrando-a com o Serviço
de Ação Urbana – SAUR e elevando seus objetivos
assistenciais para uma linha mais promocional. Exerceu o cargo de
Diretor Presidente da Cáritas Brasileira - Rio de Janeiro
- RJ.
Na
linha Comunicação Social
c)
na linha de comunicação social – foi co-fundador
com Dom Eugênio de Araújo Sales da Rádio Rural
de Natal, pioneira no Ensino Radiofônico, da qual foi seu
Diretor Técnico em 1957. Em l967 fundou o Secretariado Arquidiocesano
de Opinião Pública da Arquidiocese de Natal, hoje
Pastoral da Comunicação e foi membro fundador da Fundação
Paz na Terra (1974) responsável pela Rádio Rural,
coordenador da Linha 6 da CNBB, Ação Social e Meios
de Comunicação e membro do Departamento de Comunicação
Social do Conselho Episcopal Latino Americano (CELAM) Bogotá
– Colômbia. É jornalista profissional e dirigiu
programa “Nosso solo nossa flora”, “Toda Palavra
é uma semente”, na Emissora de Educação
Rural, bem como um de meditação matinal, diário.
Na Rádio Poti, manteve programa religioso “Cristo Vive
e nós vivemos”, em cadeia com a Rádio Rural
e foi colaborador do Jornal A Ordem. Colocou em circulação
na Arquidiocese de Natal um boletim Arquidiocesano de Informação,
semanal, hoje denominado A Ordem e um Boletim Diário de Informação
do trabalho sócio – pastoral, desenvolvido na Igreja
de Natal, distribuído com os meios de comunicação
social e órgãos do poder civil. É membro efetivo
da Associação norte-rio-grandense de Imprensa, Natal-RN.
Manteve sempre permanente articulação e bom relacionamento
com a imprensa escrita, falada e televisada, dela recebendo medalha
de ouro como personalidade do ano “Mérito Historiador
Câmara Cascudo”.
Na vida cultural
d)
Na vida cultural – desde muito cedo, tornou-se um homem preocupado
com o saber e o desenvolvimento intelectual não se conformando
em ser um mero expectador, mas buscando na ciência., na técnica
e na pesquisa, formas de desenvolver o seu pensamento a fim de aprofundar
e alargar a sua visão quase enciclopédica do mundo
e do universo, na busca incessante de novos conhecimentos e de novas
conquistas do saber. Tornou-se um filósofo, um antropólogo,
um sociólogo, um psicólogo, um educador, um literato,
conferencista, poeta, compositor, pintor, artista e poliglota. Como
pesquisador aprofundou desde 1940 experiência de genética
nos tabuleiros do Rio Grande do Norte, precisamente na Granja de
Recreio Santa Maria – BR 101, abrindo horizontes em vários
campos do conhecimento.
Realizou,
também, pesquisas na periferia de Natal onde localizou imagens
de rupestres indígenas, sambaquis e em especial na Gruta
do Ronca, em São Tomé, onde foi descoberto o possível
cemitério dos índios mortos por Domingos José
Velho e encontrados ossos de crianças e adultos, além
de restos de trabalhos artesanais – cestas – hoje guardados
no Museu de Antropologia.
Resgatou,
através de pesquisa, a história de uma das mais preciosas
lendas do nosso riquíssimo folclore a “Lenda do Carro
Caído” que nos fala do sino de Extremoz, sepultado
na Lagoa com o carreiro e os bois, ao ser trasladado para a Igreja
de Extremoz.
Constatada a realidade dos fatos, Dom Nivaldo fez a aquisição
do mesmo, através da Arquidiocese de Natal, nos meados de
1980. Hoje ele está colocado na Catedral de Natal, pesando
680 kg, e constituindo-se uma das mais preciosas relíquias
da história de nossa terra, evidenciando-se que “a
lenda apontou a história e a história confirmou a
lenda”.
Através
do Clube Maria de La Luz já em 1948 e Clube de Jovens por
um Mundo Melhor, por ele criados para formação da
juventude, realizou uma série de cursos de extensão
universitária, conferências sobre Psicologia, preparação
para o matrimônio e temas da atualidade, abertas ao público,
com grande valor receptivo da sociedade.
Sua integração na vida cultural o fez membro da Academia
norte-rio-grandense de Letras, ocupando a cadeira nº 18, cujo
patrono é Augusto Severo, sócio efetivo do Instituto
Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte, membro
integrante do Pacto pelo desenvolvimento do Rio Grande do Norte,
por quem tem demonstrado profundo interesse pelo estudo e desenvolvimento
de nosso Estado propondo-se a edição de uma obra intitulada
Enciclopédia do Rio Grande do Norte. Foi membro fundador
do Instituto de Antropologia da UFRN, do Conselho Estadual de Educação
e Cultura, Natal,RN, do Conselho Universitário da UFRN, Professor
Emérito da UFRN, Sócio-fundador da Sociedade Cultural
Brasil Estados Unidos, 1ª Escola de idiomas do RN, membro da
Association pour la Fundation Jean Rodhin, Paris, França,
membro fundador da Associação Potiguar de Letras,
Natal – RN, Membro da Associação de Escritores
norte-rio-grandense, entre outras. Sua obra literária já
é composta de 12 livros, intitulados: Formação
do Caráter (1945) – 7 edições; Formando
para a vida (1947) – 10 edições, uma publicada
pelas Paulinas com o nome Vida en plenitud, edição
Argentina; A Dor (1947) – 3 edições; Pensamentos
(1950) – edição única; Clima (1951) –
5 edições; Os Temperamentos (1953) – 7 edições;
O Coração é para amar (1958) – 8 edições;
Se todos os homens... conhecessem o dom de Deus (1963) – edição
única; Toda Palavra é uma Semente (1965) – 4
edições; A Granja e Eu (1980) – edição
única; Em busca da Luz (1996) – edição
única; Minha Cidade Natal e Eu (2000) – edição
única.
Em
plaquetes publicou, em edição única, os seguintes
trabalhos: Adoração Eucarística (1955); Primeiro
Seminário de Estudos sobre o Nordeste (1974); Reflexão
sobre a Oração (1974); Amanhã será um
novo dia (1974); A Esperança não morre (1984); Os
Mártires norte-rio-grandenses (1991), estando no prelo o
livro intitulado Gestos de Fadário, em fase final de acabamento,
o livro Explosão Demográfica e Desenvolvimento e em
preparo o livro Enciclopédia do Rio Grande do Norte e um
livro de Contos.
Dom
Nivaldo lançou, ainda, em 1974 um cassete intitulado Oração
e Silêncio, coleção personalidade I –
edições paulinas. É também compositor
de letras e canções musicais: Saudades da Serra e
A Cascatinha, inseridas em disco compacto, editado pelo Projeto
Memória da UFRN, em 1983 e de um CD – Tons de Saudade,
Acalanto, A Cascatinha e Saudades da Serra, letra e música,
com arranjos do Pe. Pedro Ferreira, 1998.
No
Campo Religioso
e)
no campo religioso – Homem de fé, de oração,
de contemplação, amigo do silêncio e da vida
introspectiva, Dom Nivaldo alia a ascese à mística,
sempre colocando a vida espiritual como base e suporte do trabalho
de evangelização.
Esteve
atento à criação de espaços de oração
não só iniciando a construção da Nova
Catedral, contando com a preciosa dedicação de seu
Bispo Auxiliar, Dom Antonio Soares Costa, na qualidade de Diretor
da Comissão Executiva da mesma, como estimulando a construção
de novas igrejas, fazendo de Emaús – BR 101, o para-raio
da Arquidiocese de Natal, com a criação das Casas
de Oração como ambiente de encontro com Deus, no silêncio
e na oração, para agentes pastorais e abertos à
comunidade, 1984. Trouxe para lá a Casa Nossa Senhora de
Emaús, experiência vinda do Canadá onde tem
a denominação de Madonna House, 1989. Fundou o Mosteiro
de Contemplativas das Irmãs de Santana que funciona nas proximidades
do Parque Industrial, 1993 e foi, com Dom Heitor de Araújo
Sales, o incentivador e fundador do Mosteiro Nossa Senhora Mãe
do Redentor, da Ordem Cisterciense, ano 2000, hoje funcionando na
Granja São Pedro, em São José de Mipibu, parcialmente
doada pela família de Dom Nivaldo. Exerceu a função
de Capelão da comunidade religiosas das Filhas do Amor Divino
em Emaús, do Mosteiro de Contemplativas das Irmãs
de Santana, da comunidade de moradores de Emaús e do Parque
Industrial, sendo, atualmente, capelão da comunidade Senhora
do Rosário – Vila Maria – em Emaús, das
Filhas do Amor Divino.
Experimentado
na psicologia, Dom Nivaldo é dotado de um carisma particular
de orientador espiritual, com o dom de saber ouvir, compreender
e aconselhar as pessoas, levando paz e tranqüilidade para aqueles
que o procuram, jovens e adultos, entre estes muitos casais, que
encontram nele orientação segura para resolver seus
problemas domésticos e particulares. Ele também vem
exercendo de há muito,a função de confessor
e diretor espiritual de leigos e religiosas.
Na
área pastoral da Arquidiocese promoveu a reestruturação
dos limites paroquiais da Cidade, com a criação de
novas paróquias, tendo em vista o crescimento sócio-pastoral
das mesmas e as novas exigências da evangelização,
implantando a pastoral urbana com redefinição dos
zonais e modificando, também, os limites das paróquias
do interior, com criação de novas áreas pastorais,
enfatizando o funcionamento das comunidades eclesiais de base –
CEBs e dos Centros Pastorais.
Deu
destaque para administração dos sacramentos, tendo
em vista um aprofundamento da fé e uma melhor compreensão
da graça e do compromisso de uma vivência mais autêntica,
com a promulgação de normas com ênfase na preparação
sistemática em cursos, palestras e retiros dos que vão
recebe-los e dos agentes encarregados de sua preparação,
no que diz respeito à pastoral do batismo, crisma e matrimônio.
Estimulou
a prática da liturgia, como vivência de fé,
melhor preparação do culto e celebrações
eucarísticas e maior participação da comunidade.
Manteve a celebração na Catedral da missa, aos domingos,
irradiada pela Emissora de Educação Rural, oportunidade
em que dirigia sua palavra de pastor para toda a Arquidiocese.
Fez funcionar a Pastoral da Saúde e investiu ministros extraordinários
da eucaristia para seu fortalecimento. Criou a Escola de Educação
Religiosa – ESER, 1977, para formação de professores
de educação da fé, não só na
rede estadual e municipal, bem como na particular, fazendo, também,
funcionar o Serviço Pastoral de Catequese – SEPAC.
Deu incremento às pastorais do Menor, da Criança,
da Juventude, da Família, criando Vicariatos, como base e
sustentação de uma pastoral orgânica.
Favoreceu
a presença constante dos pastores, nas bases, como forma
de estímulo, apoio e incentivo às iniciativas e experiências
das comunidades.
Manteve
permanente e aprofundado afeto colegial e espírito presbiteral
com os Párocos, os grandes animadores da pastoral de conjunto.
Participação em Encontros
f)
participação em encontros – A responsabilidade
no exercício do seu ministério de pastoral e de outras
atividades assumidas no âmbito local e nacional exigiram de
Dom Nivaldo a participação em diversificados Congressos,
assembléias, seminários, encontros, comissões
e reuniões. Entre eles, destacamos: 2º Congresso pan-americano
de Serviço Social, Rio de Janeiro; 2º Congresso Brasileiro
de Filosofia, Curitiba-PR; 1º Centenário de Lourdes,
França, na qualidade de Capelão; 11ª Conferência
Internacional de Escolas de Serviço Social, Belo Horizonte,
MG; 11ª Conferência Internacional de Serviço Social,
Petrópolis, RJ; 2ª, 3ª e 4ª Sessões
do Concílio Vaticano II, Roma,Itália; 10º e 11º
Congresso Nacional de Jornalistas, Curitiba-PR,; 2ª Conferência
Geral do Episcopado Latino Americano como convidado especial do
Papa, Medellín, Colômbia; 1º Seminário
de estudos sobre o Nordeste, Preservação do Patrimônio
Histórico e Artístico da Região, promovido
pela Universidade Federal da Bahia, como convidado especial e representante
do Conselho estadual de Cultura do Estado; Visitas ad limina ao
Santo Padre João Paulo II, Roma Itália,; Congresso
Mundial da Organização Católica Internacional
do Cinema _ OCIC, Petrópolis, RJ; Assembléia Geral
da Cáritas Internacionalis, em Rocca di Papa, Roma, Itália;
Encontro com Cáritas Latino Americana em El Escorial, Madrid,
Espanha; Dia de Oração promovido pela Cruzada de Rosário
expiatório, representando o Brasil, Viena, Áustria;
Encontro Latino Americano de Comunication Social, CELAM, Bogotá,
Colômbia; 2º Encontro Latino Americano e 3º Encontro
Nacional de Liturgia do Rádio e Televisão. Viamão,RS;
Encontro do Departamento de Ação Social do CELAM,
Buenos Aires, Argentina; Encontro de DECOS do CELAM, Buenos Aires,
Argentina; 3ª Conferência Geral do Episcopado Latino
Americano, Puebla de Los Angeles, México; Congresso Mundial
de Pastoral de Migração, Roma, Itália; Seminário
sobre seca, Fortaleza,CE; Seminário sobre Doutrina do Sagrado
Coração de Jesus, Bogotá, Colômbia;
Comendas
Comendas
– Na sua longa caminhada Dom Nivaldo foi agraciado com Comendas,
títulos honoríficos e outras distinções,
dentre as quais destacamos: Diploma de Medalha de Guerra, concedida
pelo Exmo. Sr. Presidente da República, RJ; Diploma de Assistente
Social Honoris Causa, Escola de Serviço Social, Natal-RN;
Medalha de Mérito Felipe Camarão, concedida pela Câmara
Municipal de Natal; Medalha de Ouro como personalidade do ano “
Mérito Historiador Câmara Cascudo”, Imprensa
Potiguar, Natal-RN; Medalha do Concílio Ecumênico Vaticano
II, “Ad Patri Conciliariu”, Roma, Itália; Medalha
Centenário Nilo Peçanha, MEC Brasília, DF;
Diploma de Mérito em Educação e Cultura, Prefeitura
Municipal de Natal, RN; Diploma de Professor Emérito da UFRN;
Diploma e Medalha “Totus tuas”, CELAM, concedida por
Sua Santidade o Papa João Paulo II, em Puebla de Los Angeles,
México; Medalha Ordem do Mérito, Governo do Estado
do RN; Grau de Comendador da Ordem do Mérito do RN; Diploma
e Medalha da Ordem do Mérito Epitácio Pessoa, Tribunal
do Trabalho – TRT, 13ª Região, João Pessoa,
PB; Diploma e Medalha “Ordem do Mérito Judiciário
do Trabalho”, Brasília, DF; Medalha Pontifícia
Max Paulus VI – altera Sessio Concilii Ecumenici Vaticano
II, Roma, Itália; Diploma de Membro Titular da Academia de
Estudos Literários e Lingüísticos, Anápolis,
GO; Sócio benemérito do Instituto Brasileiro de Comunicação
Cristã, INBRAC, Higienópolis-SP; Medalha de Mérito
Judiciário Djalma Aranha Marinho, Tribunal Regional do Trabalho,
da 21ª Região, Natal-RN.
Considerações
Finais
Além
de todos os méritos de suas iniciativas e realizações
ao longo do seu pastoreio, aliados à riqueza de seu saber,
Dom Nivaldo sobressai-se como uma figura profundamente humana, enriquecida
com dons e carismas, revestida de entranhas de misericórdia,
entregue à providência divina. Uma pessoa simples,
sensível, despojada, boa, caridosa. Uma alma sem refolhos,
um coração grande com um jeito de ser de criança.
Um homem em estado de graça enamorado de Deus e servidor
dos irmãos, um testemunho de vida. Ele bem soube realizar
a vocação que escolheu, ao longo de sua vida: “ser
clima para todas as almas, anjo de paz para todos os corações”.
Gosta de estar no meio dos homens, de se comunicar, angariando ao
longo de seus 84 anos um número diversificado de amigos e
admiradores pois ele não só sabe cativar seus amigos
mas se deixar cativar. Faz da fidelidade o clima de seu coração:
é leal, compreensível, terno e amigo, tornado-se dom
e epifania do amor de Deus no meio deles. Na família se constitui
um ponto de referência, o guia, elo de união, compreendido,
valorizado, reverenciado e amado por todos, procurado nos momentos
de tristezas e problemas, ou nas horas de alegrias e vitórias,
sendo luz e roteiro para cada um.
É
um homem vestido de esperança e de alegria numa visão
de otimismo e realismo, adequado ao lugar e ao tempo. Aprecia a
arte e a beleza da natureza como manifestação do poder
criador de Deus, delas fazendo motivo permanente de festejar a vida,
a que ele tanto ama, e de louvar e bendizer o Senhor.
Ama profundamente a sua terra a quem enalteceu como poeta: Natal,
linda como um sonho de ternura. Fruto sazonado de um sonho bem sonhado.
Teve sempre uma visão larga e ampla dos problemas que afetam
a humanidade, antecedendo-se no tempo e no espaço a realização
de iniciativas pioneiras que vieram responder aos desafios de um
mundo em permanente transformação, guiado por uma
inteligência lúcida e inquieta e por uma vontade forte
e inquebrantável.
Dom Nivaldo sempre teve uma alma livre, um espírito desportivo,
gostando de excursões ecológicas e nesta área
muitas foram suas experiências, seja como montanhista subindo
o pico da Serra Branca e outras serras do Rio Grande do Norte, seja
como pescador de tresmalho, caçador, participando de futebol
como meia esquerda e vôlei ball, no Seminário, jogando
gamão ou xadrez, fazendo caminhadas, tomando banho de mar
ou andando de jangada. Foi assíduo freqüentador dos
jogos de futebol no Machadão, ainda, hoje, assistindo jogos
pela televisão ou rádio e sendo fiel aos seus times:
Vasco da Gama e ABC Futebol Clube.
Ele soube valorizar as etapas de seu viver e ao falar da 3ª
idade, assim se expressa em uma de suas trovas:
A
velhice é muito boa
Pouco mal ela nos faz.
Só não gosto da velhice,
É por ser curta demais.
E,
indo além, em um dos seus sonetos intitulado: Pétala
de rosa, ele nos dá um conselho, ao dizer:
Não
te admires por eu ser tão velho
De fazer, como eu faço, eu te aconselho:
Nunca deites, cansado, pra dormir
À
procura de um justo e bom repouso
Nunca feches os olhos sem abrir
Um livrinho com fados de trancoso.
Dele
disse o poeta Veríssimo de Melo, Presidente do Conselho Estadual
de Cultura, em nome do mesmo, em 26 de abril de 1988, por ocasião
de sua renúncia ao Governo da Arquidiocese e ao apresentar-lhe,
em nome do Colegiado, um voto de reconhecimento pelo seu exemplar
desempenho como Arcebispo da Arquidiocese de Natal:
“Pastor
vigilante, fiel à Igreja, amigo do rebanho, sem esquecer
do social e do humano foi isto vossa Exa. – entre nós.
Impôs-se
V.Exa. além do espiritual, do zelo pastoral que lhe é
peculiar, como também o homem dedicado à cultura,
às artes e às letras. Por isso os intelectuais do
RN o admiram tanto, acatando sua obra literária e com justiça
o reconhecem como o mais primoroso discípulo de Padre Monte.
Exaltando seus méritos de escritor e pastor, sobretudo, espera
esse colegiado, que, agora, sem mais o peso do pastoreio, a Igreja
e o Rio Grande do Norte muito vão receber de V. Exa. em favor
da cultura e da própria Igreja à qual V. Exa. serve
com tanto amor e carinho. A Igreja necessita de apóstolos
de sua envergadura e o Estado de figura do seu quilate”.
Ele mesmo, Dom Nivaldo, escreveu certo dia de setembro de 1988 ao
Cônego Jorge, externando suas lucubrações intelectuais,
científicas e místicas ao dizer: ” estou como
Fernando Capelo Gaivota, procurando espaços mais amplos e
fascinantes. Tudo me convida a um Amor Maior, o que me leva a querer
contemplar com mais intensidade os mistérios dos seres. O
terreno da psicologia, da genética, da história. Tudo
me fascina, quando tudo me leva cada dia mais à contemplação
de Deus.
Na genética, espero continuar as minhas pesquisas sobre a
fecundidade e desenvolvimento (será este o título
do estudo já quase concluído). Desta vez quero fazer
algumas experiências com “porquinhos da Índia”,
para procurar saber o que a proteína pode influenciar, no
problema da fecundidade. Quanto menos proteína, mais fecundidade?!
É uma interrogação que me inquieta. Ou será
a ausência outro fator que desencadeia a fecundidade dos animais
mal alimentados. Fica a pergunta.
Na antropologia eu me interrogo sobre a formação do
homem do Seridó, tão diferente dos de outras regiões
do Estado.
Na botânica (genética) o interesse por estudos um pouco
mais na formação do “hormônio” do
Cavalheiro no “Cavalo” quando se trata de enxerto. Fato
comprovado em pesquisas anteriores, cujas fotos eu as tenho com
muito carinho guardadas.
Na psicologia, procuro fixar as diferenças fisiológicas
entre as paixões e as emoções (cujos primeiros
estudos estão descritos no livro Os Temperamentos).
Na mística procuro encontrar a raiz da visão beatífica,
da felicidade dos justos, não na posse de Deus, mas, na contemplação
de Deus. Para mim, Jorge, a felicidade não pode estar na
posse que sempre escraviza, mas, na contemplação que
liberta e deixa os outros livres”.
Não foi sem grande inspiração na sua vocação
mística que ele ao deixar o governo da Arquidiocese, em 1988,
disse: “hoje, no coração da Igreja de Natal,
eu quero ser, antes de tudo, uma alma contemplativa”.
É este o Dom Nivaldo de ontem e de hoje: um homem profundamente
realizado e feliz, uma alma cheia de encantamentos, um apaixonado
amante da natureza, de sua terra e de sua gente, um servidor dos
homens, um adorador de Deus.
Ele é um patrimônio da cultura e do saber, uma fonte
de ensinamentos, um testemunho de vida, um filho amado do Pai, um
autêntico louvor de sua glória.
Natal,11 de novembro de 2002
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