
Colônia Penal Feminina Engenho
do Meio
Recife,
12 de setembro de 1966
Ilustre
Dra.
Mércia
Albuquerque Ferreira
Não sei se tem
fundamento legal, decisão que tomo, em recusar testemunhas de defesa,
para o novo processo contra mim, que corre na Auditoria militar desta
cidade.
Esta
carta é endereçada a Sra., com o meu profundo agradecimento por tudo
que tem tentado fazer, nesta defesa brilhante e corajosa, e peço que
seja juntada aos autos do processo, assumindo Eu, a responsabilidade e
os riscos da minha atitude; não intranquilizarei mais os meus
“amigos” pedindo que deponham em meu favor.
Não
quero testemunhas de defesa. Baseio-me na experiência que vivi, quando
fui condenada a 6 anos e 3 meses, pela mesma Lei de Segurança e mesmos
artigos, independente das provas e depoimentos baseados em “ouvi
dizer...”.
Respeito
a covardia e o medo de muitos que me conheciam de perto; já ofereci
toda tortura, calúnias, injustiças, abandono, pelo Brasil, pelos
brasileiros e sinto-me recompensada.
A
Senhora, ilustre dama e nobre advogada, a mais respeitosa admiração e
a eterna gratidão dos meus amargurados filhos.
Atenciosamente,
Maria
Celeste Vidal Bastos
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