Insurreição
Comunista de 1935
ÀS ARMAS, CAMARADAS!
A Insurreição Comunista e o Governo Popular de 1935 em Natal
Natanael Sarmento
Epílogo
Passando
em revista 35, os episódios que abalaram o Rio Grande do Norte, na
noite do sábado 23 e encerraram manhã da terça-feira, dia 27, do
mês de novembro, que restou para concluir?
A
revolução começou em Natal e atingiu quase metade do Estado do RN,
foi obra da Aliança
Nacional Libertadora, não
obstante sua eclosão decidida, pelo Comitê Regional do Partido
Comunista.
O
momento político do país de radicalismo, especialmente o Rio Grande, com o acirrado
antagonismo das facções oligárquicas potiguares, forraram
o caminho dos planos revolucionários, dos comunistas e da Aliança
Nacional Libertadora.
No
âmbito internacional, as complexas contradições dos países
capitalistas pós-Primeira Guerra, de potências tradicionais e emergentes, nas disputas do
mercado mundial, França, Inglaterra, Itália e USA, somadas à
presença incômoda do socialismo, na URSS, criam as condições para
o florescimento do fascismo e do nazismo.
Nessa
conformidade, a retórica do liberalismo, adentrou em franco
declínio, perdendo espaços às concepções totalitárias
,
nazismo alemão, fascismo italiano e o comunismo russo.
O
avanço do nazismo e do fascismo teve como contraponto as Frentes
Amplas, Frentes Populares
,
com caráter antifascista e nacionalista, as quais cristalizavam e demarcavam os dois campos de luta. A Aliança
Nacional Libertadora foi a versão brasileira da Frente Nacionalista
e antifascista, chegando a se tornar vigoroso movimento de massas.
No
plano nacional, por um lado, pesam fatores como as contradições das
classes dirigentes no novo rearranjo de poder, após a Revolução de 1930. Por outro, as debilidades e limitações da revolução
liberal a causar defecções dos descontentes e frustrados com os rumos da
revolução. O afastamento de atores que combateram os politiqueiros
“carcomidos” Washington Luís, Juvenal Lamartine, alguns
bandeavam à oposição. A Revolução de 30 operara rupturas e
mudanças, mas conservara estruturas e dava continuidade a velhas
práticas do drama nacional, país pobre, agrário e desigual, com
enormes bolsões de miseráveis.
Nesse
sentido, a revolução em 30, no primeiro momento, atacou a antigos
grupos oligárquicos, depondo velhos líderes regionais e procurando fortalecer o núcleo
central do governo, através das nomeações das intervenções
federais. A Constitucionalização em 1934 trouxe regras
trabalhistas, porém, sem alteração das estruturas agrárias, sem
afetar as relações dos camponeses. Tampouco alterado, o sistema político eleitoral permanecia propício às fraudes e uso
da máquina, sem dar respostas satisfatórias às demandas mudancistas moralizadoras do sistema e
também às demandas referentes à educação básica, secularmente, reprimidas.
A
cultura política do golpe, ingrediente do receituário da política brasileira, perpassa
toda sociedade,
das velhas oligarquias do café
com leite aos
jovens militares do tenentismo que as combatiam, passando pelos coronéis, cangaceiros e comunistas.
Todos os atores sociais vislumbravam e contavam com o caminho armado,
o atalho do poder pelas armas, à míngua de canais normais do
funcionamento e da efetiva institucionalização da democracia. As
eleições, continuavam ilegítimas e fraudulentas, a representação
presépio para inglês ver, o povo a vaca desse presépio.
Na
presidência, Getúlio Vargas manobrava a continuidade do projeto de
poder, manipulando as peças do tabuleiro político. Procurava
atender as demandas da burguesia industrial, comercial e agrária, em
aproximação com os setores alijados em 30. Governando em nome da
nação, acima de classes com seu bonapartismo de viés pampeiro,
cooptando pessoas e segmentos da burocracia militar e civil, acenando
com garantias, às classes laboriosas.
Com olho
no padre, outro na missa,
recrudescia o regime e perseguia os anarquistas e comunistas do
sindicalismo combatente, expulsando do país líderes da malta
revolucionária, prendendo e torturando, trazendo o sindicalismo pra
dentro do Estado, domesticado, substituindo o sindicalismo vermelho
pelo amarelo dos pelegos.
Em
contradição com as liberdades conferidas pela Carta Constitucional de 1934, pelo próprio
Getúlio promulgada, fechou partidos, interrompeu eleições, a
combater a “agitação” das ruas. Paulatinamente, suprimindo
liberdades e garantias constitucionais, forrava o caminho do golpe do
Estado Novo. Nesse sentido, as medidas autoritárias do fechamento da
ANL e da criação da Lei de Segurança Nacional e do Tribunal de
Segurança Nacional, antessalas do Estado
Novo,
em 1937.
Os
comunistas da seção
brasileira da Internacional Comunista, PCB,
atravessavam
período de empobrecido orgânico, pela maior dependência externa e
pelo alijamento de quadros intelectuais face à deturpação
obreirista segundo a qual aos operários cabia a direção
partidária, nem sempre aptos para funções dirigentes. Mudanças
também pelo ingresso dos militaristas egressos do tenentismo em decorrência da conversão do líder Luís Carlos Prestes ao comunismo.
No
Rio Grande do Norte, circunstâncias particulares da política
regional dão feição e significado originais à Revolução de 1935, diferindo de outros locais onde eclod
iu.
O acirramento de disputas das oligarquias tradicionalmente dominantes
do Estado, entre produtores e exportadores de algodão partidários
do PP, do Governador Rafael Fernandes e outros filiados à Aliança
Social do ex- interventor Mário Câmara que se aliam a João Café
Filho na oposição
e participam da revolução da Aliança Nacional Libertadora e o PCB,
inclusive da composição do Governo Popular da revolução
nacionalista e anti-imperialista.
O
clima local de contradição e insatisfação nos quartéis,
o 21º BC em pé-de-guerra e as notícias de exclusões de praças presos, de extinção da
Guarda Civil, levaram o Comitê Regional do PC em Natal colocar
o carro diante dos bois e
deliberar o desencadeamento, antecipado, da revolução, para não
perder o “cavalo
selado”,
sem a autorização do Comando regional da revolução, sediado no
Recife, conforme o planejamento.
A
decisão da revolução em Natal, gerou debates internos do restrito
comitê, porém foi aprovada, e decidida à tarde para ter início na
noite do mesmo dia.
Meses
antes, a guerrilha de guerrilha instaurava-se no Vale do Açu,
comandada por elementos do PC, tratada, oficialmente, como bandos
cangaceiros.
O
episódio da dissolução da Guarda Civil, por retaliação política
do governo do PP contra o ex-interventor Mário Câmara,
não deve ser subestimado, tendo em vista tratar-se de das uma das
maiores do Brasil, no gênero, e dos maristas contarem
com articulações nos municípios interioranos, apoiados por vários coronéis
da oposição,
em aberta conspiração para depor pelas armas o governador, enfim,
somatório de fatores favoráveis à interpretação do “momento de
ebulição propício à revolução”, amadurecido.
O
Governo constitucional potiguar com enormes dificuldades de
articulação e composição política, demonstra enorme fragilidade,
tendo em vista cair em mãos rebeldes por 82 horas e as autoridades
debandarem, em busca de refúgios e asilos, sem oposição social,
constituindo-se a resistência do Quartel da Polícia Militar,
exceção entre defensores da legalidade. Nem partidos, nem forças
sociais organizadas, se opuseram, aos insurgentes, em Natal, na
defesa dos depostos. Uma mobilização nesse sentido foi promovida a partir do Sertão por parte de agricultores e
comerciantes de algodão com auxílio de tropas da força pública da
Paraíba.
O
governo revolucionário foi proclamado em ato público, e a
composição da Junta
Popular Revolucionária guardou o caráter de frente com presença de elementos não
comunistas no novo governo.
Também
a divulgação do Programa da ANL e dos boletins, e da edição
especial de A
Liberdade que
não circulou, comprovam o caráter não comunista, da revolução.
Houve a participação de dezenas de profissionais, urbanos e rurais,
de proprietários rurais, comerciantes, advogados, poetas,
estivadores, militares, políticos seguidores de Café Filho, de João
Câmara, do PCB e a efetiva participação de mulheres filiadas à
União Feminina Brasileira. Uma revolução de elementos
comambições políticas difusas e desencontradas sem nenhum
laivo de comunista, assim
definido no comunicado confidencial do Embaixador dos Estados Unidos
ao Departamento Norte-americano,
para o caso, insuspeito.
No
poder, o Comitê Revolucionário mostrou falhas e desorganização,
adotou medidas sem aplicação prática, quais baixar preços de
passagens de transportes coletivos sem o controle das empresas, do
pão, sem farinha e sem padaria, ou pífias como a decretação de
prisão de fiscais. Não faltaram recursos monetários à revolução
em face de saques ao Banco do Brasil e às mesas de rendas das
prefeituras, de modo a fazer distribuição e livrar-se, de qualquer
forma, de sacos de dinheiros, na debandada, após a debacle.
Medida
das mais relevantes à da formação de Colunas
do Exército Nacional Libertador para avançar ao interior, a conquistar cidades e aderentes ao
movimento, ocupando quase metade dos municípios potiguares. Mesmo
assim, faltou critério seletivo, na escolha do chefe da coluna Oeste
confiada ao sargento Wanderley, tipo sem convicções revolucionárias que capitulou sem combater e
depois traiu o movimento em troca de benefícios pessoais.
Notícia negativa aos revolucionários, a derrota da revolução no Recife e no Rio, o
avanço de tropas da Paraíba e do Ceará, arrefecem os ânimos
revolucionários. Sem rendição e sem enfrentamento, a evitar uma
desnecessária e perdida guerra civil, a Junta Popular deliberou pela
fuga e abandono da cidade. Nessa conformidade, cada um por si, ou em
reduzidos grupos, evadiram-se como as condições permitiam, alguns
encontrados e presos, outros escapam, retomando as atividades partidárias, na clandestinidade.
A
repressão policial foi das mais violentas registradas, sobretudo
contra gente do povo, a população dos bairros periféricos, de
Rocas e Quintas. Uma onda de denuncismo banaliza-se com mais de
milindiciados no Rio Grande ao julgamento do Tribunal
de Segurança Nacional, sediado
no Rio de Janeiro, órgão de justiça militar excepcional e
aviltante de princípios processuais da ampla defesa e contraditório.
Na
análise das cônicas mais recorrentes, desse movimento de 1935,
percebe-se o cabo
de guerra no
qual cada lado ressalta e omite apenas o que interessa ao lado da
trincheira. Na ponta da corda das oligarquias do poder, dos coronéis
do Partido Popular e da polícia, sustenta-se a versão de “revolução
comunista”. Na outra ponta da corda, da oposição, marista,
cafeísta, comunista e da ANL, Aliança Social, PCB, UFB a revolução
nacional e libertadora.
As
novas pesquisas, acadêmicas ou não, baseadas em fontes mais
objetivas concluem que a versão Intentona
Comunista, oficializada,
foi manipulação dos vencedores. Criada e instrumentalizada à
propaganda anticomunista da estratégia de poder, eficazes nos golpes
e respectivas ditaduras, em1937e o déjà
vu de1964.
Na
versão Intentona
Comunista, os
agentes de Moscou, são traidores da Pátria que pretendiam transformar o Brasil numa
República comunista tipo soviética. Revolução pensada e planejada
em Moscou, a Meca
Comunista. Os
“Agentes Vermelhos” nacionais e estrangeiros, financiados com ouro
de Moscou, intentavam
no sórdido plano comunista plantar no solo sagrado da Pátria a erva
daninha do regime comunista. Regime estranho e repudiado pelo pacato
povo brasileiro, povo cristão, devotado à família e respeitador da
propriedade. Graças à ação dos mártires e patriotas, Getúlio Vargas, Governadores, o
Brasil foi salvo e manteve-se na ordem natural. Os agentes
de Moscou,
são covardes, vis, comedores de criancinhas, estupradores,
arrombadores, incendiários. Assassinaram patriotas dormindo, não se
aplicando no caso o brocardo da lei
não proteger a quem dorme,
não era a lei, mas, ao contrário, o desrespeito à lei. Aos
mártires da insana aventura comunista devem ser cultuados e daí os
memoriais... Lembrai-vos
de 35!
Na
contestação do caráter
comunista da revolução, a paternidade vai à Aliança
Nacional Libertadora, a
frente ampla, nacionalista e antifascista, com participação de
forças civis, militares de todas as classes, profissões e
tendências.
O
caráter amplo de frente atesta-se pela presença do Prefeito da
Capital, Pedro Ernesto, de militares não comunistas, Herculino
Cascardo, Roberto Sissson, de Partidos da burguesia nacional, de
proprietários agrícolas, empresários e comerciantes nacionalistas.
Da Frente Nacionalista, Antifascista, Antimonopolista e Anti-imperialista,
no Rio Grande do Norte participam partidos e personalidades, maristas
e cafeístas, gente
da oposição oligárquica.
A Revolução
Nacional Libertadora representava
uma esperança de mudança, a aurora da liberdade do Brasil. Cegava
para conquistas a verdadeira independência do país
,
impulsionar o progresso econômico, social e político. Para remover
os obstáculos históricos da opressão do país, e da miséria do
nosso povo, assim identificados o imperialismo e as oligarquias
feudatárias. Uma reforma
agrária a
acabar com a tirania inconcebível dos “senhores feudais”, a
promover o progresso da produção agrícola. Uma reforma na
democracia a aperfeiçoar o sistema eleitoral e partidário
fraudulento e corrupto em sistema confiável, representativo. Uma
reforma no ensino, para elevar a instrução básica a todos os
brasileiros. A moratória da dívida externa, para evitar a sangria
da Nação. Promover o setor produtivo nacional, decretar a
nacionalização de bancos e empresas estrangeiras, enfim, colocar as
riquezas materiais, culturais e humanas a serviço do povo
brasileiro.
O
brejeiro bastante citado, lembra: cada
qual com sua ciência.
O Tribunal
de Segurança Nacional indiciou milhares e condenou centenas de pessoas, comunistas, não
comunistas. Mortes, em combates. Torturas e assassinatos, nos porões
da polícia, nos campos de concentração da Alemanha, Olga e
Katarina.
Manobras,
ardis e falsificações alimentaram a ideologia do anticomunismo que
serviu ao viés fascista do Governo Vargas, na ditadura do Estado
Novo (1937-1945) e na dos militares, do pós-1964.
Não importa o que digam gregos e troianos, russos e americanos, objetivamente, as Frentes
Populares antifascistas, foram criadas entre a Primeira
e a Segunda Guerra
Mundial, ideia concebida no movimento Comunista Internacional, pelo
búlgaro George Dimitrov, durante o 3º Congresso da IC, em Moscou,
no ano de 1934.
E
entre nós, a ANL não discrepou da inspiração, organizada com a
presença dos comunistas. Luís Carlos Prestes, foi aclamado
Presidente de Honra da ANL, em sua volta do exílio de Moscou. Mas, a
composição ampla do Diretório Nacional e o Programa nacionalista
da ANL formam movimento amplo e de massas, com apoio de
personalidades com diferentes concepções políticas, Herculino
Cascardo, Amorim Osório, Francisco Mangabeira, Roberto Sisson,
Miguel Costa, Maurício de Lacerda, e simpatias dos governantes,
Magalhães Barata, no Pará, Pedro Ernesto, no Rio de Janeiro, Felipe
Moreira, no Ceará. E das milhares de pessoas, em todo território
nacional, motivadas pelo teor programático da Frente Nacionalista Libertadora.
Na
perspectiva dos comunistas, a revolução da ANL correspondia à
primeira etapa da Revolução. Primeiro o país teria que que se
emancipar do imperialismo, depois o proletariado teria que se
emancipar da burguesia. A primeira etapa, nacionalista, a segunda,
socialista.
Empolgando
amplos setores e classes sociais, milhares de filiados, em poucos
meses, e tornando-se potencial obstáculo às pretensões continuístas de
Getúlio Vargas no poder, a ANL não passaria em brancas nuvens. O
cenário apontava para o crescimento da oposição radical dos
nacional-libertadores, isolava o governo. O ato de fechamento da ANL
insere-se nessa conjuntura de medida de sobrevivência governamental,
uma crônica anunciada, pois o Brasil estava na bifurcação:
marchava rumo à revolução libertadora ou rumo ao fascismo do
Estado Novo com Vargas. A sucessão de casuísmo e o tiro mortal na
sucessão presidencial, foi a pá de cal. O ciclo varguista iniciado
com o assalto ao poder em 30, se manteria com repressão e violência
em nome do combate ao perigo comunista, à agitação social.
Na
ilegalidade, a ANL, de asas cortadas, com forte presença de tenentes
dos levantes republicanos, entre dirigentes da ANL, as concepções
golpistas desse militarismo tenentista ganha corpo, endossada pelas
mesmas concepções de dirigentes do PCB. Superestimando as próprias
forças, a ANL passa a defender, abertamente, a derrubada do governo,
através da via armada,Vargas seria deposto, tal e qual fora posto,
no poder, em 1930, com armas e munição, independentemente de votos e urnas, que essas não contavam.
Os comunistas assumem
a alternativa insurrecional à crise política brasileira. E o Rio
Grande do Norte acendeu o pavio da dinamite.
À
guisa de consideração final, indo além das querelas ideológicas, o
movimento revolucionário de 1935 desenvolve-se numa moldura
desenhada com as tintas externas das acirradas disputas
internacionais vestibulares da Segunda Guerra Mundial, e com as
internas, de crise econômica, social e política, do esboço
grosseiro e autoritário do traçado continuísta de Getúlio Vargas.
Nos contornos do retrato, as cores fortes da cultura golpista tão do
nacional daquela época
,
com os relevos e sombreados da divisão oligárquica potiguar, das
insatisfações militares, das prisões e expulsões no exército, da
extinção da Guarda Civil do Rio Grande do Norte, e enfim da
fragilidade democrática institucional, sem vias de escape plausíveis
às demandas comprimidas.
A
cantilena anticomunista utilizada pelos donos
do poder, largamente
na espectral tradição brasileira das ditaduras (1937 e 1964) com
seus crimes hediondos e aberrações, não atormenta o senso comum do mundo
das sombras, enquanto
o fantasma comunista continua atormentando os habitantes da caverna.
Será mesmo a morte, o fim das ideologias?
FIM
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