Insurreição
Comunista de 1935
ÀS ARMAS, CAMARADAS!
A Insurreição Comunista e o Governo Popular de 1935 em Natal
Natanael Sarmento
O conto do vigário dos infiltrados
Os
egípcios praticavam a espionagem antes de Cristo. É vício antigo
obter informações sigilosas, à vantagem dos segredos escondidos,
por adversários. E fundamental, nas guerras, na opinião de Sun
Tzu. Há registro de espiões em todas as épocas, da história humana.
Nas guerras antigas, medievais e contemporâneas. Espiões
infiltrados nos partidos, nos movimentos, nas revoluções, nos
governos, nas empresas. Dos antigos olhos
e ouvidos do rei à
última tecnologia dos drones.
Porém,
foi após a Segunda Guerra Mundial, com o advento da Guerra
Fria,
que os espiões tornaram-se mais importantes e célebres. Na história
recente, da guerrilha brasileira, dos anos de chumbo, ganhou fama o
Cabo Anselmo. Tonou-se o dedo-duro que mais prejuízos e estragos causou à esquerda revolucionária do
Brasil. Infiltrou-se na esquerda, recebendo treinamento em Cuba,
participando da luta armada. E delatando um mundo de gente, vários
assassinados. O breve introito é para afastar qualquer ingenuidade
em relação ao serviço de
inteligência do
Estado.
Os
tipos infiltrados decerto estiveram presentes na Aliança Nacional
Libertadora, no PCB e na Internacional Comunista. Nos episódios, de
1935 em Natal e no Brasil, provavelmente.
Registre-se,
porém, que sobre a atividade dos agentes duplos, desses elementos
infiltrados, dedos-duros, decerto, pela própria natureza do ofício,
não existe um único trabalho baseado em pesquisa confiável e
séria. O estudar da infiltração policial nos eventos de 1935
precisa de pesquisa aprofundada e objetiva, um desafio digno de
Hércules. No entanto, pululam bazófia e presunções, infâmias e
difamações, sobre o papel da espionagem e espiões. A extensão dos
estragos por eles provocados, pelos espiões, e pelos acusados,
injustamente, é incalculável para o movimento revolucionário epara
o comunista, em particular.
Reconhecer
uma possível ou provável presença de delatores, com os cuidados
devidos, sem ser levado cegueira
da
paixão política. Cuidar do Partido como da
menina dos olhos da
lição de Ho Chin Min. Sem jamais esquecer os inimigos de classe e
os graves prejuízos que podem causar.
Com essa perspectiva, refutamos, integralmente, a versão de infiltração
policial como a causa da derrota da Revolução de 1935. E
o fazemos pelos seguintes motivos. Primeiro, não são os espiões
que criam e movem a história. A história move-se no espaço da luta
de classes,
as relações econômicas que “criam” burgueses e proletários,
criam os antagonismos, os revolucionários, os espiões. O cachorro
abana o rabo, não é o rabo que abana o cachorro, no
dizer o brejeiro. O materialismo histórico e dialético situa a
revolução social como ápice da luta de classes, a combinação das
causas objetivas e subjetivas, quando os explorados não mais aceitam
a dominação e exploração e os exploradores
,
já não podem dominar nem explorar como antes. Nessa luta de classes antagônicas, a biela do motor da história tem
sua vida útil. Tudo está em movimento, em transformação, a ordem
econômica, a política, a jurídica, ideologia, todos
que é
sólido se desmancha no ar.
Na dialética da natureza e da sociedade, o dedo-duro do delator não tem o poder de mudar a história. Por mais
devastadora a delação, por mais estrago causado pelo dedo-duro,
o tipo vil não tem o condão de mudar o rumo da história. Por isso
deve ser colocado no lócus devido,
nas cloacas, nada mais.
Getúlio
Vargas, em 1930, usurpou o governo de Washington Luís. Por essa razão valorizou mais
que qualquer precedente à área da Segurança e da Propaganda.
Manteve estritas ligações com a Gestapo de Hitler e Goebbels, intercâmbios e técnicas nos serviços de
espionagem, tortura e contrapropaganda. Lembrar que o chefe do staff policial
do DF foi encabeçado pelo nazista Fillinto Müller. E o Plano
Cohen de
Vargas et
caterva adicionadas
às deportações das mulheres
judias
para serem assassinadas na câmara de gás da Alemanha nazista. Dizer
que Vargas colaborou e recebeu ajuda de nazistas é uma sujeira a ser
jogada debaixo do tapete da história.
Mas,
foi do ovo da serpente nazista, justamente, que saíram as bases
ideológicas de diversos planos, do governo Vargas. O plano da
difusão da infiltração
policial vem
a calhar. Ressaltando o papel da contraespionagem elevava o
prestígio do seu Governo. Mostrava eficiência aos brasileiros, a
capacidade da polícia política, confiável. Polícia capaz de
garantir a ordem institucional. Em sentido inverso, desconstruía-se
o mito de organização dos comunistas. Desmoralizando-se os seus
líderes. Achincalhando os
dirigentes.
Avacalhando a Aliança Nacional Libertadora e o PCB. Incompetentes e
vulneráveis,
não confiáveis, nicho de delatores. Quem buscará abrigo numa
oposição que é destruída pela ação de espiões?
Assim,
factoides policiais, informações falsas, foram divulgadas na
imprensa, até se tornarem verdadeiras, pela repetição. Aqui acolá, a
apreensão de um “documento”, uma “caderneta” “bilhetes”,
sempre anônimos, a comprometer, sem comprometer. Documentos forjados
na bigorna da Polícia, a serviço e mando dos beneficiários, dos
donos do poder. Essa tese
de infiltrados foi forjada e difundida nos porões da polícia de Getúlio et
caterva.
Com claro objetivo de macular o significado e o sentido da Revolução
de 1935. Para os comunistas esquecerem, com vergonha, e apagarem da memória. Para a memória não ser retomada, os erros
corrigidos, a esperança revolucionária renascida.
No
longo mosaico de factoides da revolução sobre 1935
, podemos
destacar: 1. bilhetes de Bluche;
2. ação do espião inglês; 3. telegrama cifrado que precipitou a revolução; 4. o espião judeu atuante no
Recife.
O
intento da polícia de retirar a revolução do campo da luta de
classes, dos antagonismos políticos, e colocá-la no pântano de intrigas de Corte, de fábulas. Fuxicos,
intrigas e fábulas, factoides, transformadas em verdades oficiais,
divulgadas, noticiadas, vendidas como verdades, pior, compradas.
Tal
a força da hidra propagandística nazista que seus opositores e
muitos bravos combatentes compram a ideia, melancolicamente. Livros
de história e de memórias de revolucionários, Agildo Ribeiro
Barata, Leôncio Basbaum e João Café Filho são exemplos da força
desse conto
do vigário dos infiltrados. Sem dados concretos, objetivos, sem indicar as fontes, falam em “monitoramento” do Governo Vargas, em precipitação
intencional da revolução, presença de agentes infiltrados.
Lôncio
Basba uma duza amizade do agente com o chefe de polícia Aluísio Moura, em Natal.
Está
errado. O chefe de polícia em Natal foi João Medeiros e o delegado
auxiliar, Enoc Garcia. Aluísio foi oficial do 21º BC, justamente, o quartel
facilmente
tomado pelos comunistas em 1935. Ocorre que esse livro de Basbaum foi referência para muitos outros. E novas versões reproduziram o mesmo equívoco.
No
caso de João Café Filho, talvez por ele escrever mais as memórias
propriamente ditas, registra uma opinião sem qualquer
aprofundamento, sem apresentar bases documentais, sem referências.
Agildo
Ribeiro Barata, foi o capitão comunista destemido e responsável
pelo levante do 3º RI, no Rio de Janeiro. Decepcionado com as
denúncias do stalinismo, levou longe demais a dissensão e os
ressentimentos:
A eclosão não
simultânea e precipitada dos dois pronunciamentos de que o Governo
estava cientificado pelos agentes provocadores infiltrados, permitiu
que o Governo batesse por parte cada um dos dois focos da insurreição
[...] a polícia tinha-se infiltrado nos órgãos do PCB e é
absolutamente falsa a versão de que o Governo houvesse sido
surpreendido pelos acontecimentos. Ao contrário: os agentes do
Intelligence Service, do F.B.I. e da Gestapo com os agentes de
Getúlio (Felinto
Müller, etc.), na realidade, foram os que conduziram o baile, à
cata de um acidente que servisse à ideia fixa de Getúlio: ficar
.
Agildo
lembra o tocador de violino do Titanic afinando o instrumento no
naufrágio, subscreve aquela falácia perniciosa em nome da luta
ideológica. Luta
mal direcionada, autofágica. Equívocos que cometeram e cometem,
ainda hoje, os comunistas brasileiros, a adubar a erva daninha
semeada pela reação.
O
jornalista Moacyr de Oliveira Filho, assessor
parlamentar da liderança do PC do B na Câmara,
prestou enorme serviço ao resgatar da clandestinidade cinquentenária
Zé Praxedes. Porém, perde a perspectiva com ataques ao PCB dos
“revisionistas renegados” e a Giocondo Dias, o Secretário Geral.
Responsabiliza Giocondo pela precipitação do levante, suscitando
uma suspeita leviana do revolucionário Giocondo Dias ser agente
infiltrado. Uma vida inteira dedicada ao movimento comunista e à revolução
jogada no lixo, em face de disputa canina, territorial, pelo assessor
comissionado. E qual foi a base da suspeita do jornalista Moacyr? O
Relatório do delegado João Medeiros! Nele, Giocondo Dias foi um dos
principais responsáveis, pela precipitação do levante do 21º BC.
Os comunistas e intelectuais da tradição do PC fundado em 1922 não formam
opinião com documentos policiais, pelo contrário, procuramos
identificar as suas contradições e desmascarar as inverdades neles
contidas. Confrontar os documentos da polícia com outras fontes mais
confiáveis. Usar informações da polícia e formar convicções e
para destruir a imagem de um revolucionário não é luta política,
tampouco ideológica. É uma estupidez decorrente de deficiência
teórica não perceber fazer o jogo dos serviçais da polícia.
Preferindo a opção da cegueira
da luta política confundida com luta ideológica, a cogitar dúvidas de serviço policial com escopo de cristalizar as divisões e criar mais dúvidas
e inseguranças entre os comunistas.
Com
essa mesma estreiteza angular de visão, igualmente lamentável, a
autodestrutiva luta travada no PCB ante a dissensão de Luís Carlos
Prestes, nos anos oitenta. O escritor e dirigente comunista Paulo
Cavalcanti, com a maioria do CC e contrário à corrente capitaneada por Luís Carlos Prestes aberta na Carta
Aos Comunistas de 1980,
equivoca-se. Não por ter ficado com a maioria do Coletivo
Partidário, isso se coaduna com o princípio leninista de
organização do centralismo
democrático. Nesse aspecto, assiste razão a Paulo Cavalcanti e erra Prestes. Mas o
equívoco de Paulo está na tentativa de reduzir o papel de Luís
Carlos Prestes e em desqualificar a Revolução de 1935. Paulo faz uma “autocrítica” pública dizendo: “A
quartelada de 1935 foi um dos grandes erros cometidos por Luís
Carlos Prestes [...] O movimento de 35 foi mal pensado e mal
encaminhado. Eu digo que não nos envergonhamos de 35, pois fizemos
autocrítica.
Entretanto,
o processo dialético crítico e autocrítico, desenvolvido por
Lenine, não se confunde com fracionismo, dividionismo e
liquidacionismo. Divergir e combater no campo as ideias e posições,
são partes da luta de classes
,
da luta política e da ideológica. Mas, adulterar a memória e
procurar negá-la, distorcendo os fatos, manipulando, não é
autocrítica, é
muito menos a verdade
revolucionária.
Gostem
ou não os inimigos de classe, e os comunistas equivocados, Luís Carlos Prestes, foi e permanece o líder de maior expressão do
movimento comunista brasileiro. Tratá-lo como Napoleão dos erros, como golpista atrapalhado, pequeno-burguês tenentista,
renegado, é um equívoco enorme, que só serve à burguesia e aos seus áulicos e serviçais.
Certamente
a autofagia política dos comunistas, assistida e aplaudida dos
camarotes da burguesia, diverte-se. Aceitar a desqualificação
desmoralizante da Revolução de 1935, a mais gloriosa e emblemática luta dos comunistas
brasileiros, como golpe, como quartelada, outro equívoco.
Erros
e equívocos, os comunistas e não apenas eles, cometeram na Revolução de 1935, em Natal e no Rio Grande do Norte. Cabe estudá-los,
aprender com eles e dar prosseguimento à luta.
O
desavisado pode imaginar que essas querelas são águas passadas. Os protagonistas estão mortos, ou
velhos demais. Ledo engano. Toda história, é contemporânea. Quase
oitenta anos depois, a tese da infiltração
policial ressurge.
Renascida e pintada nas tintas do pós-Guerra
Fria.
Recepcionada e festejada pela mídia independente
e informativa do Brasil varonil. O
novo produto cultural da indústria anticomunista, com 600 páginas
escritas a duas mãos
,
Robert S. Rose e Gordon Scott. O calhamaço é apresentado como
romance “documentado” sobre a vida do espião alemão Jhonny
Graaf, comunista
que passou a servir à polícia inglesa: o
espião que detonou a revolução comunista de 1935. Numa
ostensiva propaganda anticomunista, deprecia a URSS, a Internacional
Comunista, Luís Carlos Prestes e os comunistas, nacionais e internacionais. Segundo
os dois biógrafos, com
a eclosão da revolução, em Natal, Getúlio Vargas procurou o
Serviço Secreto inglês. E o Jhonny Graaf, tipo superagente 007,
teria avisado ao Mister
Hutte. Este se encarregou de tranquilizar o Presidente Vargas. Não
havia a menor chance da
revolução ser bem-sucedida,
pois era uma quartelada. No
relato do espião, os militares rebeldes e comunistas não tinham
preparo para tomar o poder, pois confundiam desejo com realidade.
Assim, temos de um lado, um
Polícia
eficiente, de outro, comunistas débeis confusos. Endossar esse
diagnóstico, sim, é fazer o trabalho da polícia.
Não
é segredo que
a rebelião de 1935 foi aproveitada, na estratégia golpista de
intento continuísta de Getúlio Vargas. Na escalada das medidas
autoritárias, o fantasma da revolução servindo ao terrorismo do
Estado na supressão de liberdades. A pôr lenha na fogueira do ambiente psicológico de terror e pânico,
criado com o Plano
Cohen e
para o golpe Salvador
da Pátria, em
1937. Porém, não foram os comunistas e os revolucionários de 1935, os
criadores e executores da Lei Monstro de Segurança. Nem eles
decretaram a extinção dos partidos,
nem suspenderam as eleições presidenciais. Nem os elaboradores e
difusores da fraude em cadeia nacional de rádio na Voz do Brasil, do
“Plano Criminoso dos Comunistas Cohen”. Acolher a tese de 1935
servindo à implantação da ditadura do Estado Novo, é uma inversão dos fatos, pois a escalada golpista estava em trote
solto, e a revolução representava exatamente a esperança de
libertação nacional do jugo do capital e da aliança burguesa
oligárquica reacionária que controlava o Estado nacional.
O
apregoado maquiavelismo de Vargas existe e não. Existe no sentido de
não medir meios para permanecer no poder. Não existe no sentido de ter precipitado
a revolução. Ora,
revoluções e revolucionários não são marionetes manipuláveis
das coxias. Não são presos por cordéis nos quais os donos do
espetáculo controlam os movimentos. O furor da dinâmica
revolucionária lembra o estouro da boiada, que
arrasta e deixa destruições. Nessa dinâmica da força
revolucionária, o núcleo hegemônico tenta e procura direcionar seu
rumo. Porém sem a certeza, sem o condão de determinar a exatidão
dos resultados. Todas as revoluções sociais carregam forças
imprevisíveis. No ano de 1935, no Brasil, respirava-se o clima da Revolução Nacional,
de Norte a Sul. Contavam as ações de atores coletivos, ANL, PCB,
IC, o governo Vargas, os governos estaduais. Atribuir a eclosão da
revolução em Natal a Vargas, ou acolher que ele assumiu os riscos
de deixar que ela se desenvolvesse, não é tese sustentável. O rei
não coloca o pescoço na guilhotina confiante que a engenhoca não
vai funcionar e ele vai cortar a cabeça do carrasco depois. Os
perigos imponderáveis de uma revolução que capitulou o governo de
uma capital e ganhou quase metade dos municípios fazer parte da
estratégia de Vargas
,
é uma tese tão razoável quanto a do pescoço do rei na guilhotina.
Os
comunistas, refutamos, sempre, a natureza exclusivamente comunista,
da Revolução de 1935.
No
documento oficial do Partido, logo após o malogro da revolução aduzem:
a
camarilha de Vargas grita que a ANL é comunista e que a insurreição
de novembro foi comunista porque o partido comunista apoiou a ANL
[...] A insurreição brasileira não foi uma revolução comunista
[...] foi organizada e dirigida pela Aliança Nacional Libertadora.
Os
comunistas do PCB estão devendo um sério balanço crítico e
autocrítico do movimento revolucionário de 1935. Existem opiniões
e comentários de lideranças e personalidades. Luís Carlos Prestes, no Informe do CC do 4º Congresso do PCB, de 1954,
destacou a “pouca
inserção do Partido na classe operária e no campesinato além das
concepções radicais pequeno-burguesas de viés tenentista”. Prestes
culpou as concepções golpistas da direção do Partido, pela
precipitação da luta armada. Ele fazia parte dessa direção e era um dos mais entusiastas da concepção da revolução.
O que o faz mudar de opinião? Quais fundamentos? Prestaria bons
serviços à revolução se fundamentasse a sua conclusiva.
No
ano de 1956, por ocasião do XX do PCUS e das surpreendentes
denúncias do Relatório
Secreto de Kruschev dos
crimes do stalinismo, ocorreram rupturas traumáticas, no movimento
comunista, internacional e nacionalmente.
Entre
nós, o primeiro revolucionário orgânico a romper foi Agildo
Barata. Barata lançou o manifesto Pela
Renovação e Fortalecimento do Partido, de
março de 1957, rompendo com o “centralismo democrático” e com o Partido. Ressalte-se que defecção do PCB teve sentido crítico do stalinismo.
Contudo, a semente lançada na ruptura de Agildo não medra, não há
renovação nem fortalecimento com a divisão, há o enfraquecimento. Ainda sob os
ecos das denúncias
do stalinismo,
o PCB reformulou a direção partidária e modificou a linha
política, na célebre Declaração
de Março de 1958.
Surgem novas rupturas e dissenções
.
Na nova orientação política, o PCB lutava por uma política
externa independente e pela paz mundial. Internamente, lutava pela
reforma agrária e pelo desenvolvimento do capitalismo, com a consolidação
e ampliação da democracia.
Nas mudanças da Comissão Executiva do Comitê Central, saem os comunistas mais identificados com a linha anterior: João
Amazonas, Diógenes de Arruda Câmara, Maurício Grabois e Sérgio
Olmos; entram, como substitutos: Mário Alves, Giocondo Dias, Calil
Chade e Ramiro Luchesi. E o novo secretariado formou-se com
Prestes, Giocondo e Marighela.
No
mês de janeiro de 1962, a Revista Novos
Rumos publicou
a Resolução do Comitê Central A
Propósito das Atividades do Grupo Fracionista de João Amazonas,
Pedro Pomar, Mauricio Grabois e Pedro Pomar. A
direção do PCB criticava como ação fracionista e expulsava do
partido os comunistas e dirigentes que, no mês seguinte, fundariam o PCdoB.
Em
fevereiro, João
Amazonas, Pedro Pomar, Mauricio Grabois e Pedro Pomar Arruda Câmara
e Calil Chade,
lançam o Manifesto e Programa do PCdoB,
Passam a reeditar o jornal A Classe Operária, a
partir de março daquele ano. Em 1975, na passagem dos 40 anos da
Revolução, A
Classe Operária, jornal
oficial do PCdoB publicou
longo artigo intitulado A
Gloriosa Bandeira de 1935. Embora
não assinado, o texto é atribuído a Pedro Pomar, bravo comunista,
brutalmente assassinado pela ditadura militar no ano seguinte, 1976.
Pedro
Pomar faz um balanço detalhado, no qual analisa o avanço fascista do pós-Primeira Guerra e a ambiência às vésperas da eclosão da Segunda Guerra.
Descreve o papel da Aliança Nacional Libertadora, enquanto movimento
antifascista, as reações do Governo Vargas. Pontua as contradições
das classes dominantes e a intensa agitação política de Norte a
Sul. Sintoniza o contexto do Partido, ao apressar o
desfecho da ação armada e lançar a palavra de ordem de Governo
Nacional Popular Revolucionário, com Prestes à frente. Faz
breve relato dos sucessos, em Natal, Recife e Rio
.
E o mais importante, Pomar refuta, com força revolucionária, as injúrias e falsidades que
visam apagar a memória dos patriotas de 35. Combate o fascismo dos generais que deturpam os fatos nos ritos comemorativos e também a crítica
dos liberais, dos conciliadores e dos reformistas que menosprezam o
movimento, reduzindo-o a golpe.
A
análise de Pedro Pomar foi a melhor e mais cuidadosa a respeito de
movimento revolucionário de 1935, na opinião
deste autor.
Seria irretocável, na perspectiva analítica, não fossem as
referências “aos renegados, Prestes e PCB” por ele acusados de
“abandono dos objetivos revolucionários” e tratados como
“defensores do nacional-reformismo”. A nosso ver, somente nesse aspecto, Pomar perdeu parte da amplitude de mirante, de sua
perspectiva revolucionária, nesse olhar amiudado, do buraco da fechadura do aparelho partidário. Sem
ofensa ao grande revolucionário, pois se é preciso
respeitar
quem é capaz de expor e de perder a vida, em defesa dos seus ideais.
Qual
a melhor tradução do Alcorão?
A dos aiatolás xiitas ou dos sunitas? Qual a melhor tradução do
Partido Comunista: dos seguidores da Meca moscovita? A do Templo
chinês? O comunista Pedro Pomar termina a análise sobre A
Gloriosa Bandeira de 1935 com frase pedagógica: Nosso
dever é aprender a lutar melhor e preservar.
O
que fizemos? O que estamos fazendo? Para aprender mais, lutar melhor
e preservar convicções de comunistas revolucionários?
Nosso
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