Insurreição
Comunista de 1935
em
Natal e Rio Grande do Norte
Praxedes, um operário no
poder
Praxedes:
Um Operário no poder
A Insurreição de
1935 vista por dentro
Moacyr de Oliveira Filho
Editora Alfa-Omega,1985
Nosso
Projeto |
Mapa Natal 1935 | Mapa
RN 1935 | ABC
Insurreição | ABC
dos Indiciados | Personagens
1935 | Jornal
A Liberdade | Livros
| Textos
e Reflexões | Bibliografia
| Linha
do Tempo 1935 | Imagens
1935 | Audios
1935 | Vídeos
1935 | ABC
Pesquisadores | Equipe
de Produção
11.
A luta na Serra do Doutor
Controlada
a situação em Natal e instalado
o Governo Popular Revolucionário, os membros
da Junta, de imediato, traçaram um plano
com o objetivo de ocupar outros Estados, ampliando
e consolidando o movimento rebelde, ao mesmo tempo
que as tropas deslocadas para o interior poderiam
impedir que Natal fosse atacada de imediato pelas
forças legalistas.
Foram,
assim, enviadas três colunas de tropas:
uma para o sul, seguindo o leito da Estrada de
Ferro de Great Western, passando pelas cidades
de São José do Mipibu, Goianinha,
Penha e Nova Cruz, próximo da fronteira
com a Paraíba; outra para o Norte, seguindo
pelo litoral, passando pelo Cabo de São
Roque e por Touros, Galinhos, Macau, Areia Branca
e Mossoró, onde havia uma cera força
do partido organizada nos carnaubais. A última
coluna foi pelo centro do Estado em direção
a Macayba, Ceará-Mirim, Panelas, São
Gonçalo, Taipu, Santa Cruz, Baixa Verde
e Pedro Velho. A estratégia traçada
pelos rebeldes previa a junção da
coluna Norte (a partir de Mossoró) com
a coluna Centro, para dali subir em direção
ao Ceará. A coluna Sul tinha por objetivo
chegar até Recife.
“A
maior parte desse plano deu certo” –
conta Praxedes. “Nossos homens a maioria
dessas cidades, ocuparam as prefeituras, depuseram
os prefeitos e se apoderaram do dinheiro que havia.
Esse dinheiro era imediatamente remetido para
o Governo em Natal. Tudo isso foi feito sem nenhuma
resistência. Todas essas cidades ficaram
nas nossas mãos. O curioso é que
nenhum dos grandes proprietários, dos latifundiários,
se mexeu. O único que resistiu foi o Dinarte
Mariz”.
Essas
colunas começaram a se movimentar ainda
no dia 24, sob o comando do sargento Pedro e do
jovem estudante Benildes. “Quando eles começaram
subir a Serra do Doutor cruzam com as forças
do Dinarte Mariz e travam um pesado tiroteio.
A luta durou até o dia 27 e morreu gente
dos dois lados. No dia 26 o sargento Pedro não
resistiu e pediu para voltar à retaguarda,
assumindo o comando o jovem Benildes ¹. Nós
mandamos reforço e ele reaglutinou as forças
e atacou Dinarte pela retaguarda, fazendo um estrago
danado. Esse ataque ocorreu no mesmo dia em que
a situação em Natal começava
a degringolar. Se ele tivesse condições
de continuar atacando era possível que
vencesse os jagunços de Dinarte. Mas isso
não foi possível porque o pessoal
estava cansado e começou a debandar”
– relata Praxedes. “Essa luta contra
as forças do Dinarte na Serra do Doutor
foi o que nos deu mais dor de cabeça. Só
foi terminar quando Dinarte atacou Benildes pelos
flancos com uma tropa de quase mil homens, reforçada
pela polícia da Paraíba. Nessa hora,
nosso pessoal já começava a debandar
e, depois desse ataque, não houve mais
nenhuma resistência. Estava aberto o caminho
para Dinarte invadir Natal e nos atacar”
– acrescenta.
O
chefe de polícia de Natal, João
Medeiros, registrou assim a reação
de Dinarte Mariz: “No domingo, dia 24 de
novembro pelas 9 horas da manhã, Dinarte
recebia, de Currais Novos, um chamado telefônico
de Enoch Garcia, delegado da Capital, que havia
conseguido sair de Natal, historiando os acontecimentos.
Enoch sabia que o único ponto capaz de
organizar uma resistência era o Caiacó,
onde se achava Dinarte Mariz, seu companheiro
de 30, dispondo de armamento e capacidade de aliciar
gente para uma reação. Tão
logo recebeu o aviso transmitido por Enoch, Dinarte
comunicou-se com o governador da Paraíba,
Argemino de Figueiredo, que lhe prometera auxílio,
ordenando um batalhão de sua polícia
avançar sobre Natal. e imediato Dinarte
assumiu o comando d homens que armou e partiu
para a luta. . . Depois de receberem reforço
de Natal, voltaram os comunistas e atacaram Panelas
onde já sem munição os legalistas
recuaram até a Serra do Doutor, encontrando
aí emissários que tinham sido enviados
a Paraíba à procura de munição,
permitindo armar nova resistência. No dia
26, os comunistas voltaram a atacar os sertanejos
que numa ação fulminante rechaçaram
o inimigo. . . de paleja resultaram dezenas de
mortes e a debandada dos insurretos”².
Muito
tempo depois, o senador Dinarte Mariz, num discurso
pronunciado da tribuna do Senado Federal, relembrava
o episódio: “Quando em 1935 em Natal,
os comunistas depuseram o governo constituído
e instalaram uma Junta Governista, de caráter
nitidamente comunista, organizei um grupo de sertanejos
que, sob o meu comando, descendo da região
do Seridó até a Capital, derrotou,
depois de encontros sangrentos, o movimento sedicioso,
restabelecendo a ordem política e social.
Para isto, contei com a ajuda decisiva do então
governador da Paraíba, hoje senador Argemino
Figueiredo, que deslocou numerosos contingentes
de policiais daquele Estado, apoiando-me na atuação”³.
__________
1.
MEDEIROS, João, obra citada, pág.
145.
2. MEDEIROS, João, obra citada, pág.
29
3. MARIZ, Dinarte, A Vida de um Revolucionário,
Centro Gráfico do Senado Federal, Brasília,
1980, pág. 65.
^
Subir
<
Voltar
Nosso
Projeto |
Mapa Natal 1935 | Mapa
RN 1935 | ABC
Insurreição | ABC
dos Indiciados | Personagens
1935 | Jornal
A Liberdade | Livros
| Textos
e Reflexões | Bibliografia
| Linha
do Tempo 1935 | Imagens
1935 | Audios
1935 | Vídeos
1935 | ABC
Pesquisadores | Equipe
de Produção
História
dos Direitos Humanos no Brasil
Projeto DHnet / CESE Coordenadoria Ecumênica
de Serviço
Centro de Direitos Humanos e Memória Popular
CDHMP |
 |
 |
 |
|