Coleção
Memória das Lutas Populares no RN
Coleção Memória Histórica
Floriano Bezerra de Araújo - Volume VII
Apresentação
Esse
brasileiro desassombrado, o Floriano Bezerra de Araújo, nasceu
no mundo rural do Vale do Açu, cresceu em sítios e
fazendas das terras de Carapebas/Afonso Bezerra e do município
de Macau.
Foi camponês, caçador, vaqueiro, pescador, peixeiro,
bagrinho de caiação de navios, camelô de guloseimas,
pequeno comerciante e vendedor de jogo do bicho; trabalhador do
balaio nas salinas, burocrata na indústria salineira e servidor
da Previdência Social no Rio de Janeiro. Retornando ao solo
potiguar, Floriano retomou o trabalho nas salinas e, sindicalizado,
disputou e venceu cinco eleições diretivas do órgão
sindical. Como Presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria
da Extração do Sal de Macau, construiu com os trabalhadores
um poderoso sindicalismo massivo e unitário, sem igual no
Brasil ou no continente latino-americano.
Ainda
aos 19 anos, Floriano entrou na grande campanha nacional do povo
brasileiro: “O Petróleo é Nosso”, até
a criação da Petrobrás no governo Vargas, e
prosseguiu na luta até jorrar petróleo em abundância
no RN.
Respeitado e admirado pelos trabalhadores urbanos, não se
acomodou e fundou os primeiros sindicatos de trabalhadores rurais
e as Ligas Camponesas no Estado do RN, participando com bravura
ativista do organizado movimento camponês do nordeste brasileiro.
Deputado Estadual em três legislaturas, com o epíteto
de “deputado cabeleira”, Floriano foi pulmão
do povo, das massas trabalhistas. Sem medo e sem ódio, enfrentou
o latifúndio rural e a burguesia urbana de mente atrasada
e escravocrata.
Dirigente sindical respeitado no Brasil sob a égide da Constituição
Federal de 1946, participou dos grandes congressos dos trabalhadores
brasileiros em Recife e no Rio de Janeiro, centro das decisões
políticas da República. Ficou conhecido e admirado
por Samuel Wainer e Odylo Costa – editores dos jornais cariocas
“Última Hora” e “O Semanário”,
respectivamente.
Em 1954, nas Rocas, Natal/RN, como orador do movimento sindical
do RN, presente grande multidão, em discurso veemente, Floriano
recebeu o Ministro do Trabalho, Dr. João Goulart, vindo de
Belém do Pará. Com pujança moral e política,
em três oportunidades, Floriano pediu audiência e foi
recebido em despacho pelo Dr. João Goulart, o Jango, já
Presidente da República do Brasil.
Em 1964 foi cassado político por 18 anos. Esteve preso no
IV Exército em Recife (PE), na DI-7 em Natal; na Ilha de
Fernando de Noronha, no Regimento de Obuses em Santos Reis, Natal
e na 2ª Companhia de Polícia de Macau. A ditadura civil-militar
o prendeu 9 vezes. Numa delas, 84 homens em 11 viaturas do Exército
Brasileiro foram prendê-lo em Macau e o encarceraram no Regimento
de Obuses em Santos Reis, Natal.
Protagonista
de todas essas lutas, exilado em Macau, Floriano Bezerra foi autodidata
até 1971, quando fez “ginásio madureza”
e técnico em contabilidade.
Fato é que hoje, mais do que nunca, os brasileiros e brasileiras
clamam por mais democracia e direitos sociais, políticos,
econômicos e culturais, o que prova que a luta de Floriano
segue vivíssima e altamente necessária na atualidade.
Renan
Ribeiro de Araújo
Advogado, filho de Floriano Bezerra de Araújo
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