
NÃO
CORTAR O DEBATE
Na
semana que antecedeu o Dia Internacional do Meio Ambiente,
o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) aprovou
Resolução suspendendo todas as autorizações para corte
e exploração comercial de espécies ameaçadas de extinção
na Mata Atlântica. São abrangidos 17 Estados, entre eles
o Rio Grande do Sul e mais de 100 espécies, entre elas a
araucária, a canela e o cedro.
Esta
resolução reforça a recente decisão do Tribunal
Regional Federal da 4ª Região, que manteve a liminar
concedida a uma ação civil pública. Essa ação foi
proposta por uma integrante da Rede de ONGs da Mata Atlântica,
formada por mais de 130 entidades e que desde 1998 defende
a campanha permanente "Terceiro Milênio –
Desmatamento Zero: Eu me Comprometo!".
As
novas determinações do Conama e da Justiça Federal
sobre as florestas devem continuar sendo objeto de debate
por toda sociedade. Este é um dos principais objetivos da
?????? proposta de criação de uma subcomissão no âmbito da
Assembléia Legislativa para tratar do Desenvolvimento
Florestal Sustentável.
É
preciso considerar que o principal argumento das ONGs para
a suspensão das autorizações de corte é a inexistência
de estudos científicos consistentes que comprovem a
viabilidade ecológica, genética e econômica dos planos
de manejo para exploração seletiva de espécies ameaçadas
de extinção. A resolução do Conama prevê prazo de até
dois anos para apresentação de propostas para fixação
de critérios técnicos e científicos que garantam a
sustentabilidade das explorações e a conservação genética
das populações exploráveis.
A
Mata Atlântica está incluída entre as prioridades para
a conservação de biodiversidade em todo o continente
americano e é considerada patrimônio nacional pela
Constituição. A legislação federal estabelece normas
específicas para o manejo e o corte seletivo de árvores
em áreas protegidas que devem ser observadas pelos
Estados e Municípios. No Rio Grande do Sul, o Código do
Meio Ambiente estabelece que a Mata Atlântica é patrimônio
natural e cultural do Estado e prevê limites e usos para
ela.
O
direito ao ambiente sustentável está consagrado
internacionalmente e também entre nós. Assim,
não é possível tolerar o corte indiscriminado
e irresponsável de espécies em extinção. Em
conformidade com a lei, há poucos dias órgãos
estaduais apreenderam cerca de 1,3 mil tocos
de araucárias derrubadas ilegalmente em uma
única propriedade em Bom Jesus. A multa para
isto pode alcançar quase R$ 1 milhão.
No
entanto, a fiscalização não deve ser a única ação do
Poder Público em relação ao ambiente. Cabe a ele e à
toda a coletividade desenvolver ações para a sua proteção
e restauração, observando os demais direitos humanos,
especialmente o direito ao trabalho e à alimentação.
Este é um dos aspectos estratégicos do projeto de
desenvolvimento defendido pelo Governo Democrático e
Popular do Rio Grande do Sul, que confere prioridade à
agricultura familiar.
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