
Vem
aí o plebiscito da ALCA
Na reunião da Aliança
Social Continental reforçou-se a necessidade de combater o acordo
(...) um processo de recolonização
MST
30 de
novembro de 2001.
Os movimentos sociais e as organizações das Américas realizaram
três reuniões, nos meses de outubro e novembro, para interpretar
e tirar linhas de ação em relação a uma das maiores investidas
econômicas e políticas dos EUA sobre as Américas: a Alca
(Acordo de Livre Comércio das Américas).
Assim, na reunião da Aliança Social Continental,
realizada em Florianópolis (Brasil), no Encontro
Hemisférico contra a Alca, em Havana (Cuba) e
na Plenária Nacional contra a Alca, em São Paulo
(Brasil), reforçou-se a necessidade de combater
o acordo (...) um processo de recolonização. O
objetivo dos EUA é ter controle total do continente
americano e que as empresas norte-americanas tenham
espaço reservado (...) Alca é uma necessidade
da economia norte-americana e do capitalismo internacional,
que passam por uma crise de capital financeiro
e de realização de bens. Precisam imprimir um
novo padrão de acumulação de capital baseado em
novos centros hegemônicos. Por um lado se utilizam
da guerra e do combate ao terrorismo para deslocar
recursos públicos para o complexo industrial-militar.
E por outro, jogam pesado para sair o acordo da
Alca.
O resultado imediato é que a economia do hemisfério será
dolarizada,
tirando a autonomia dos governos em relação à moeda e à política
cambial. A soberania nacional dos países e povos estará
comprometida, (...) o papel dos exércitos nacionais e também do
próprio estado nacional. Com a Alca, a marginalização da
agricultura familiar se dará através do controle do comércio
agrícola e das agroindústrias pelas grandes empresas
norte-americanas, que também colocarão em risco a soberania
alimentar dos povos, através do controle das sementes e dos
alimentos.
Depois que os presidentes dos 34 países (Cuba está fora) se
reuniram e negociaram na Cúpula das Américas - realizada em
Quebec, Canadá, em abril deste ano -, o assunto já não está
mais tão evidente. Mas as negociações em torno da Alca
continuam forte e em movimento, através das nove mesas
permanentes sobre temas de grande interesse dos EUA.
A previsão seria de que o acordo entrasse em vigor
em 2005. Mas os EUA pressionam para antecipar
o acordo. Na próxima quinta-feira, 6 de dezembro,
o Congresso norte-americano vai votar o pedido
de autorização de Bush para que ele possa assinar
convênios como a Alca sem passar pelo Congresso.
É necessário barrar a Alca. O plebiscito popular continental é
uma das formas de luta. Nos moldes do que foi o Plebiscito da Dívida
Externa em 2000, vamos consultar o povo se eles querem ou não a
Alca, já que os governos não fizeram esta pergunta antes de
entrar nas negociações.
No Brasil, os movimentos sociais e organizações já se mobilizam
e ampliam as forças para realizar o plebiscito. Durante as
atividades do próximo Fórum Social Mundial, em fevereiro de
2002, será lançada a campanha. Os debates e as manifestações
contra a Alca vão marcar os meses seguintes, culminando com o
Plebiscito Popular, uma grande votação, de 1 a 7 de setembro.
Este é o desafio: fazer o enfrentamento em relação à política
imperialista dos EUA e defender a soberania nacional. E, mais que
isso, construir uma alternativa de integração popular e soberana
entre os povos americanos.
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