
Coleta de Informação
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Fontes Principais
infelizmente
não existem no Brasil e na maioria dos países
latino-americanos e em vias de desenvolvimento, estatísticas
policiais relativas a crimes
de ódio em geral e crimes
homofóbicos em particular, nem arquivos especiais nas
Secretarias de Segurança Pública relativos a homicídios de
gays, lésbicas e travestis. Compete, por conseguinte, ao
movimento homossexual organizado e aos grupos de direitos
humanos sanar tal lacuna, sem contudo deixar de pressionar o
poder público para que instale serviços confiáveis de
levantamento estatístico sobre as diferentes categorias de
crimes de ódio.
As
principais fontes de informação sobre crimes homofóbicos são:
jornais, revistas, noticiários de rádio e televisão, informação
oral e por carta, internet, delegacias de polícia, delegacia de
homicídios, fórum, arquivos públicos, arquivos de jornais,
instituto médico-legal.
Destas
fontes citadas, destacam-se os meios de comunicação e
particularmente, as páginas de crimes dos jornais constituem o
local privilegiado onde encontrar notícias sobre assassinatos,
especialmente aqueles jornais e revistas sensacionalistas
especializados em crimes.
Os
maiores jornais brasileiros têm considerado política e
jornalisticamente mais correto diminuir o espaço consagrado a
crimes, deixando de divulgar fotografias sangrentas e detalhes
cruéis que constituem a matéria prima da imprensa
sensacionalista. Assim sendo, raramente os grandes jornais do
Rio de Janeiro e São Paulo noticiam crimes contra homossexuais:
são os jornais mais populares e os das menores capitais ou das
cidades do interior os que devem merecer maior atenção, pois são
os que mais divulgam tais assassinatos.
A
mesma observação quanto a revistas de circulação nacional:
via de regra, tais veículos só noticiam os homicídios de
homossexuais vips, ou crimes que tiveram repercussão nacional,
como recentemente o caso de um antiquário do Pará assassinado
em Nova York por um rapaz de programa, ou a prisão de um
“serial killer” de gays, como o “assassino do Parque
Trianon de São Paulo, ou ainda o cruelíssimo linchamento de
Edson Néris, linchado por um bando de dezoito skinheads na Praça
da República, em São Paulo. Algumas matérias especiais dessas
revistas, contudo, podem conter importantes sínteses sobre
esses crimes, com depoimentos de autoridades policiais, esperts,
etc, e com tal, devem merecer atenta pesquisa.
Muitos
jornais locais dispõem de arquivos de recortes do próprio
jornal, assim como de outros jornais e revistas, selecionados em
pastas, por temas. Hoje alguns dos maiores jornais dispõem de
arquivos temáticos informatizados. Num e noutro caso, sugere-se
que logo ao se iniciar a coleta sistemática de dados sobre
crimes contra homossexuais numa cidade ou estado ou país específico,
consulte-se nos arquivos dos jornais a pasta de homicídios, ou
pasta de homossexuais, pois muitas vezes aí podemos recuperar
notícias mais antigas, anteriores ao início de nossa pesquisa,
os crimes ocorridos em outras localidades.
Nestas
mesmas pastas ou em outras pastas específicas só de ilustrações
e fotografias, muitas vezes há coleções de fotos de gays
assassinados, assim como dos criminosos, incluindo imagens que não
foram divulgadas nas páginas do jornal e que podem documentar
ainda com mais detalhes a crueldade de tais mortes. Uma conversa
com o arquivista mais antigo ou com os repórteres policiais do
jornal poderá ser de grande proveito para localizar matérias
desconhecidas, recuperar detalhes importantes ou mesmo descobrir
vítimas cuja homossexualidade não foi noticiada na imprensa
– por censura imposta pela família, pelos editores ou mesmo
por desconhecimento na época deste detalhe existencial somente
confirmado a posteriori. Matérias antigas dos jornais locais
devem ser fotocopiadas, ou na sua impossibilidade, devem ser
transcritas e dirigidas para compor, junto com os recortes
originais atuais e xerox de matérias antigas, a pasta de
documentos destinada à elaboração do dossiê final.
O
rádio e a televisão igualmente, quando em vez, fornecem
informações sobre crimes contra homossexuais, seja nos noticiários
e jornais diários, seja em programas sensacionalistas ou em
reportagens especiais. Nestes últimos, há sempre detalhes trágicos,
imagens chocantes das vítimas e, às vezes, entrevista com
autores e policiais que investigam o caso. Nesses casos, é
fundamental que se tenha sempre à mão, próximo ao aparelho de
televisão, papel e caneta a fim de anotar rapidamente todos os
detalhes identificadores, registrando-se igualmente o programa,
o canal, o dia e horário da notícia, pois algumas vezes esta
será a única fonte de informação sobre este crime. Melhor
ainda se for possível gravar em vídeo tais notícias, seja no
próprio momento em que foi divulgada, ou posteriormente,
obtendo cópia na emissora original.
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Investigação
Para
se obter dados que reflitam de forma mais próxima a triste
realidade dos crimes homofóbicos, deve-se consultar
regularmente as páginas policiais do maior número possível de
jornais locais, deixando no “limbo”, em caráter de espera,
aqueles crimes que embora não haja identificação expressa de
que a vítima era homossexual, pelo seu estilo de vida, profissão,
pela modalidade do crime ou outra característica sui generis,
levante a suspeita de que poderia se tratar de um homossexual.
Nestes casos suspeitos, deve-se realizar investigação
paralela, entrevistando-se delegados, agentes de polícia, repórteres
policiais, vizinhos, colegas e parentes da vítima. Certa vez,
desconfiamos que um homem de meia idade, artista plástico,
solteiro, encontrado morto em seu apartamento em Salvador, fosse
gay, muito embora o jornal nada revelasse sobre este particular,
nem sobre a causa mortis. Ao visitarmos a rua onde ocorreu o
crime, uma vendedora ambulante que tinha sua barraca em frente
ao edifício da vítima, forneceu-nos duas informações
cruciais: que ele era mesmo homossexual e que fora esfaqueado,
tanto que as paredes de seu quarto estavam manchadas de sangue.
Homens
solteiros, morando sozinho, com profissões tradicionalmente
femininas, encontrados mortos nus ou seminus, com as mãos e pés
amarrados, com sinais de violência e tortura – são indícios
típicos dos crimes homofóbicos. Tais casos devem ficar numa
pasta especial aguardando mais dados que confirmem ou não a
suspeita de que eram homossexuais. Também devem ser conservados
numa pasta à parte os homossexuais que foram mortos por motivo
outro que sua condição sexual: crimes comuns e causados por tráfico
de drogas, ciúmes, violência doméstica, roubo, disputa de
ponto de prostituição ou acidentes não relacionados à
discriminação anti-homossexual.
Do
mesmo modo como ocorre às vezes que crimes divulgados pela
televisão ou rádio não mereçam registros na imprensa escrita
– ou que tais notícias não tenham chegado ao nosso
conhecimento, assim também certos assassinatos, embora tenham
sido registrados nos arquivos policiais, não receberam divulgação
na mídia. Daí a importância de cada grupo homossexual ou de
direitos humanos dispor de um caderno de registros de ocorrência de crimes contra homossexuais onde
deverão ser anotados, diligentemente, todas as informações não
só relativas a assassinatos que não apareceram nas páginas
dos jornais, como episódios de discriminação e violência
contra homossexuais que sejam denunciados pelas próprias vítimas,
por testemunhas ou por terceiros. No caso de crimes homofóbicos
cuja fonte é a informação
oral, devem ser anotados todos os detalhes que o informante
dispuser: o nome ou apelido, idade, cor, profissão, residência,
causa mortis da vítima, dia e local do crime, assim como os
dados disponíveis sobre o autor do assassinato. Caso se tenha
notícia de testemunhas ou outras pessoas que possam fornecer
mais detalhes, anotem-se igualmente tais dados, além da
identificação completa do informante e, se possível, sua
assinatura no final do registro.
Cartas
e telefonemas,
sejam locais, sejam de outras cidades e estados, também
constituem fonte subsidiária para o levantamento desses crimes:
neste particular o GGB dispõe de alguns importantes
colaboradores que do interior do Brasil, em locais às vezes sem
imprensa escrita ou pouco expressiva, regularmente enviam cartas
narrando crimes e casos de discriminação homofóbica. Os
originais desses cartas e o envelope com endereço do informante
devem ser arquivados na mesma pasta de recortes de jornais de
assassinatos, lado a lado com as notícias recolhidas nos noticiários
da TV ou compiladas e transcritas do
Caderno de Registro de Ocorrências.
Nossa
experiência tem revelado ser mais eficaz que dois membros da
entidade centralizem todo o trabalho de coleta e sistematização
do material relativo a crimes homofóbicos, tornando-se assim
uma espécie de “investigadores” e “experts” neste tipo
de trabalho, para eles sendo encaminhado todo o material e
informações. Recomenda-se igualmente que tais indivíduos,
assim como todos os demais membros da organização, sempre que
viajem para outras localidades ou se encontrem com homossexuais
de fora, insistam em obter informações sobre crimes homofóbicos
ocorridos em tais lugares, procurando anotar o máximo de
detalhes e o mais completamente possível. Caso o informante não
saiba ou não se lembre do nome da vítima, procure recuperar
sua profissão, cor, idade, local de residência, detalhes sobre
a causa mortis, etc. Mais vale uma informação incompleta do
que ausência ou nenhuma informação. Com tais pistas podemos
escrever, mandar mensagens pela internet ou telefonar para a
Delegacia Central da localidade ou para os jornais locais e
obter os dados completos dobre o sinistro.
A
mesma recomendação serve para notícias obtidas na internet,
seja por meio de correspondentes, que relatam algum crime do
qual tiveram notícia em sua cidade ou estado, seja mediante
pesquisa realizada em jornais ou em diferentes sites. Tais notícias
devem ser impressas com a indicação completa da fonte, endereço,
data, e arquivadas ao lado das procedentes de outras fontes.
Alguns
órgãos públicos dispõem igualmente de informação sobre
crimes de morte envolvendo vítimas homossexuais. A Delegacia de
Polícia mais próxima onde ocorreu o assassinato deve por
obrigação legal, ser a primeira instância onde o crime é
registrado, iniciando as investigações, realizando o inquérito
e enviando toda a documentação para o Fórum afim de ser
iniciado o processo. Como infelizmente nem todas delegacias estão
devidamente aparelhadas com material humano e equipamentos
adequados e eficientes, muitos desses registros deixam muitíssimo
a desejar, sendo mal documentados, perdendo-se os laudos
periciais, engavetando-se por tempo indeterminado tal documentação.
Assim
sendo, logo que se tem notícia de um crime, seja na própria
cidade, seja no interior, seja por meio da imprensa ou por
informação oral, a primeira preocupação deve ser localizar
em que delegacia de polícia o crime foi registrado e o nome do
delegado titular ou plantonista responsável pelo inquérito.
Uma recomendação: como muitas vezes os telefonistas ou
atendentes dessas repartições demonstram má vontade e pouca
delicadeza no trato público, para facilitar a consulta,
sugerimos que, se possível, um advogado ou alguém
“graduado” da entidade se identifique, informando que se
trata de um grupo de direitos humanos. Este pequeno detalhe
muitas vezes faz com que os atendentes e oficiais sejam mais
atenciosos no fornecimento de dados sobre a vítima que
procuramos identificar.
Isso
feito, anote diligentemente algum novo dado fornecido pela
autoridade policial que porventura não tenha sido divulgado na
imprensa ou alhures.
A
Delegacia de Homicídios é outro contacto de suma importância no
levantamento local dos crimes homofóbicos, visto ser a instância
encarregada da condução de investigação de crimes mais
complexos, cuja função é centralizar as informações
relativas aos homicídios perpetrados em âmbito estadual. No
caso de Salvador, dispomos há anos de um excelente profissional
ocupando esse posto, o Dr. Walter Seixas, que dispõe de
importante coleção de inquéritos de crimes contra
homossexuais, e que tem mantido o mais cordial e orgânico diálogo
com os dirigentes do GGB e seus advogados. Geralmente o Titular
da Delegacia de Homicídios é o principal expert em crimes
contra homossexuais, quem de memória sabe o maior número de
caos, das peculiaridades das vítimas, das características e
modus operandi dos criminosos, etc.
É
fundamental manter relação amigável e cooperativa tanto com
os delegados que acompanham os crimes específicos, quanto com o
Titular da Delegacia de Homicídios, pois da boa vontade destes
profissionais dependerá muito do andamento do processo e seu
final feliz: a prisão, julgamento e punição do/a(s)
assassino/a(s). uma forma de cimentar tal cooperação é marcar
uma visita ao delegado levando nossa pasta com as matérias
documentando os crimes homofóbicos ocorridos na cidade e estado
– oferecendo-lhe eventualmente uma cópia xerox para ser
arquivada na repartição, demonstrando assim o profissionalismo
de nossa ONG e empenho na solução desses crimes. Recomenda-se
igualmente oferecer material institucional sobre
homossexualidade, direitos humanos, homofobia, etc, aos
delegados e ao arquivo das delegacias.
Nessas
entrevistas o representante do grupo gay ou de direitos humanos
pode auxiliar significativamente as investigações: por
exemplo, se a vítima era conhecida na comunidade, indicar seus
hábitos, que locais da cena gay costumava frequentar, sua rede
de relações e até pistas de eventuais suspeitos. Mais de uma
vez pistas chegadas ao GGB e por nós fornecidas aos delegados
foram fundamentais para a prisão dos criminosos. Claro que em
situações semelhantes, quando o informante por razões
pessoais não quer ou não pode se identificar, é essencial a
rigorosa guarda do sigilo e anonimato.
Aconselhamos
a elaboração de uma tabela com a distribuição dos crimes por
Delegacia, com a data do sinistro e do início das diligências,
telefonando de tempos em tempos para o delegado responsável
para saber a quantas anda o inquérito e se já foi enviado ao fórum.
Esta tabela permite avaliar se há má vontade ou irregularidade
no andamento dos trabalhos nessas diferentes instâncias
policiais.
Outra
repartição pública fundamental neste trabalho de documentação
sobre crimes homofóbicos é o Fórum ou Palácio da Justiça.
No Fórum a primeira providência deve ser localizar em qual
Vara Crime se encontra o processo, quem é o juiz responsável,
a data de chegada, quais os prazos para a realização dos próximos
passos judiciais, as datas de audiência, etc. A mesma sugestão
dada a pouco: a elaboração de uma tabela afim de acompanhar o
andamento dos fóruns já estão informatizados, a localização
dos processos fica mais facilitada, sendo obtida pelo nome do réu.
Também
no Fórum pode ser de muita valia o contacto pessoal com funcionários
do setor de crimes, pois eles podem Ter lembrança de
assassinatos desconhecidos envolvendo homossexuais. Igualmente
crucial é conseguir a solidariedade de algum gay, lésbica ou
simpatizante que trabalhe no Fórum, para nos telefonar avisando
quando da chegada de novos processos, audiências ou julgamento
de réus envolvidos em crimes contra homossexuais, afim de que
possamos mobilizar a mídia e marcar presença de militantes com
vistas a pressionar o juiz e o jurado na condenação exemplar
dos réus – tema que trataremos mais adiante no capítulo
sobre mobilização política.
Tanto
no contacto formal com as Delegacias ou com o Fórum,
infelizmente não é qualquer cidadão, nem mesmo o Presidente
de uma ONG de direitos humanos, que pode Ter acesso aos dados
relativos à detenção, situação do inquérito ou do processo
– privilégio apenas de advogados ou acadêmicos de direito
que já disponham de Carteira da OAB. Apesar dessa restrição,
não custa tentar, pois às vezes, conseguimos informações
apenas nos apresentando como representantes do grupo gay ou ONG
de direitos humanos. Se mesmo assim for impedido nosso acesso,
tem-se de conseguir um advogado, de preferência algum gay, lésbica
ou simpatizante que dê assessoria gratuita, ou algum advogado
da OAB ou assessor de outra ONG. Em último caso, tem-se de
contratar um profissional experiente e que tenha empatia com
nossa luta.
Fonte
igualmente importante para ampliar cronologicamente o
levantamento sobre crimes contra homossexuais são os diferentes
arquivos públicos, sobretudo o Arquivo do Estado que, via de
regra, conserva a documentação “caduca” das diferentes
repartições ligadas à segurança pública e judiciário. Para
um estudo de “longa duração” sobre crimes homofóbicos, a
pesquisa em tais arquivos é indispensável, e o índice, catálogo
ou guia do arquivo, além da informação dos funcionários mais
antigos serão de grande valia para localizar tal documentação.
O
Instituto Médico Legal representa igualmente um dos espaços mais
importantes para a documentação de crimes homofóbicos – não
apenas seus arquivos, para a reconstituição de crimes
ocorridos a mais tempo, como sobretudo para a documentação
fotográfica dos homicídios atuais. Alguns dispõem de arquivos
com numerosas fotos de reconstituição dos crimes, material
importante para se conhecer e enfrentar o modus vivendi dos
assassinos. Várias das mais realistas e cruéis fotografias de
gays e travestis assassinados conservados em nosso Arquivo foram
tiradas pessoalmente pelos atuais presidente e vice-presidente
do GGB, algumas, com certa conivência amigável e benemérita
dos funcionários internos, que permitiram fotografar a vítima
ainda nua, com as marcas do ferimento e da costura posterior à
necropsia pericial. Outras fotos foram tiradas no caixão, antes
da chegada de parentes ou com o consentimento desses. Requer-se
muita resistência, coragem e ousadia para a realização destas
fotos, pois é pavorosa e revoltante a visão de um
membro assassinado da nossa grande tribo, muitas vezes com
horripilantes sinais de violência. Se conseguirmos conter o
choro e a ânsia de vômito, vale a pena o sacrifício, pois
garante-nos imagens dramáticas da crueldade extrema da
homofobia, além de reforçar a convicção da importância de
continuarmos na luta contra o “heterrorismo”.
Ainda
como fonte de informação sobre crimes homofóbicos, outra
importante recomendação é construir uma rede regular de
informantes na própria cidade, estado no resto do país.
Já
que os jornais constituem a principal fonte de informações
sobre assassinatos de homossexuais, o
ideal seria a leitura diária de todos os jornais da
cidade, estado ou país, dependendo a extensão do levantamento
que se pretende realizar. Se houver alguma pessoa disponível
que possa realizar sistematicamente tal leitura e fotocópia do
material encontrado, ótimo! Bastaria alguém ir à Biblioteca Pública
ou outra entidade que disponha de todos os jornais e realizar o
trabalho. Como nem sempre isto é possível, há três soluções:
conseguir o compromisso de pessoas que sejam leitores diários
de diferentes jornais e revistas, para que recortem ou avisem,
no mesmo dia, toda notícia relativa a crimes homofóbicos;
outra solução é pagar alguma firma especializada em clipping,
a qual se encarregará de fazer pesquisa e enviar diária ou
semanalmente tais notícias, seja com recortes de jornais, seja
através da internet; a terceira idéia é criar uma rede
de leitores que se comprometam a enviar pelo correio
recortes de matérias ou notícias destes crimes.
Foi
graças a estas estratégias que o GGB conseguiu documentar em
20 anos mais de 1800 assassinatos, sendo que apenas nos últimos
5 anos recebemos financiamento que nos permite pagar os serviços
especializados de um clipping.
Toda semana recebemos uma ou mais notícias de novos
assassinatos, sendo a maior parte deles enviados por
correspondentes espalhados por todo o Brasil. Neste caso,
consideramos indispensável estar sempre divulgando o pedido em
todo material produzido pelo grupo – jornais, boletins,
folders, entre outros -, solicitando às pessoas que nos enviem
informações sobre assassinatos e discriminações. Um
lembrete: tão logo cheguem os envelopes com tais notícias,
enviar sempre ao remetente um bilhetinho com os últimos
folhetos do grupo, agradecendo e enfatizando a importância
daquele informante continuar a nos fornecer tais dados. Não
esquecer de agradecer no Relatório Final a colaboração destes
informantes, enviando-lhes um exemplar da publicação.
Enfatizo
mais uma vez que para efeito de denunciar crimes homofóbicos,
interessam-nos não apenas os homicídios, mas todas as demais
manifestações de preconceito e discriminação
anti-homossexual. Desta forma, é fundamental a ampliação da
coleta de informações também sobre essas outras manifestações
homofóbicas, que vão da omissão e insulto, a diferentes
formas de apartação social e violência física tendo como vítimas
os gays, travestis e lésbicas.
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