Perspectiva de ampliação:
Após um semestre de observações, coletas de dados , estudos específicos a respeito do Sistema de Recursos Humanos da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, pode-se concluir, que o sistema em estudo, está em fase de estruturação, pois a instituição é por demais jovem, possue apenas 15 anos de existência e na época de sua criação, não foi planejada uma estrutura capaz de imprimir certos padrões de organização moderna e eficiente. Porém esforços estão sempre sendo empreendidos, de forma contínua por algumas pessoas que participam da gestão de segurança pública do estado, no sentido de tornar a Polícia Civil dotada de uma estrutura moderna, eficiente, capaz de atingir seus objetivos específicos.
Os serviços prestados pela Polícia Civil do Rio Grande do Norte, ainda não atende as necessidades da população do estado, haja visto que, dos 166 municípios existentes no Rio Grande do Norte, a Polícia Civil, se faz presente em apenas 11 destes municípios, representando apenas 6,63 pontos percentuais. Considerando que a Polícia Civil é uma instituição prestadora de serviços à população e que os serviços de segurança pública estão classificados como essenciais, tanto por definição científica, como por definição constitucional, considerando também o agravamento dos problemas sociais, a escalada do tráfico e uso de drogas, a impunidade devido a ineficiênci l da existência da instituição policial, não há como negar que os recursos humanos constituem o grande potencial da instituição. Apenas o ser humano utilizando os conhecimentos adquiridos e suas capacidades cognitivas, de raciocínio, de inteligência e dissernimento, é capaz de combater e vencer a violência, por isso, ele é a peça mais importante de qualquer instituição policial. Além da pessoa humana, a instituição policial também é composta de métodos e equipamentos. Os métodos servem para guiar o comportamento da pessoa humana, no exercício de sua função, enquanto que os equipamentos servem para auxiliar nas tarefas específicas da atividade policial.
Dentro desta ótica, vislumbra a necessidade de um planejamento que permita construir uma estrutura que suporte de forma satisfatória as mudanças que com certeza virão. É comum as pessoas pensarem que ampliar e melhorar uma instituição policial, consiste apenas em adquirir equipamentos, como viaturas, armas, munições, etc. Não resta dúvida de que estes equipamentos são importantes, porém a verdade é que os recursos humanos, que vez ou outra são esquecidos, figuram com gráu de importância, muito superior aos dos equipamentos. Quando os recursos humanos, não são treinados suficientemente para a atividade policial, os equipamentos utilizados inadequadamente, tornando-se um perigo eminente para toda a sociedade.
Valorização do policial civil:
As pessoas que compõe o quadro de recursos humanos da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, constituem o maior patrimônio da instituição, por isso é necessário que o estado reconheça este valor, tomando medidas que venham proteger o patrimônio da sociedade, do qual o estado é gestor. É notório que existe uma situação de desmotivação por parte da maioria dos policiais civis, esta situação foi se formando ao longo do tempo, pelo fato de existirem algumas falhas na política de gestão de recursos humanos da instituição. Vejamos inicialmente como exemplo, a situação dos policiais civis que desempenham as funções de Agente de Polícia, categoria funcional que representa 69,64 pontos percentuais, do total do quadro de policiais civis do estado, percebem vencimentos brutos, correspondentes a faixa de 3,5 a 5,0 salários mínimos, sendo obrigados por lei, a prestarem dedicação exclusiva. Como consequência desta situação, temos um número oficioso, que nos mostram, que mais da metade dos Agentes de Polícia, estão exercendo funções paralelas, como de "agentes de segurança" de entidades particulares e outras funções correlatas, o que além de constituir desobediência à legislação vigente, dobra a jornada de trabalho do ser humano, comprometendo desta forma, seu desempenho como policial, seu horário de repouso e consequentemente muitas vezes até sua própria saúde.
Outro fator que precisa obter maior atenção por parte da gestão de recursos humanos da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, é a dos benefícios sociais. Aos policiais civis, não são oferecidos qualquer benefício social, em uso pelas instituições modernas. Os benefícios de saúde, são os do Sistema Único de Saúde, a aposentadoria é a da Previdência Social, não são oferecidos qualquer tipo de seguro de vida ou de acidentes, apesar do estado reconhecer que a atividade policial, é uma atividade que envolve risco de vida e de acidentes.
As condições materiais, na maioria dos nos locais de trabalho, não são satisfatórias, faltam equipamentos que permitam o acondicionamento de água para beber, as condições de higiene em alguns locais de trabalho, é deficiente, a alimentação para os policiais em regime de plantão , é fornecida apenas para alguns plantonistas. A matéria prima do trabalho policial é a criminalidade, que pode ser chamada de escória social, com isso o policial é exposto cotidianamente em um ambiente de infecção social. Sabemos que o homem está constantemente interagindo com o ambiente em que vive, por isso o policial que por força da profissão, é obrigado a interagir em um ambiente de violência, certamente ele irá absorver parte desta violência, na maioria das vezes sem perceber. As consequências destas absorções aparecem com o passar do tempo, trazendo problemas inicialmente na convivência familiar, levando na maioria das vezes a dar causa para separações, divórcios etc., em seguida o policial geralmente se torna vítima do alcoolismo, trazendo transtôrnos graves também para a convivência profissional e por último a saúde pessoal. Temos inúmeros casos de policiais civis, que passaram por estas fases descritas, tornando-se imprestável ao serviço público e à sociedade. Este processo de degradação profissional e humana, pode ser evitado, com a criação de um órgão multidisciplinar de acompanhamento e aconselhamento, o qual irá continuamente avaliar o comportamento dos policiais, e quando necessário sugerir ao órgão gestor da política de recursos humanos, as medidas preventivas e corretivas, objetivando salvar não só o policial, mas também o ser humano, da degradação.
Desde criança aprendemos a gostar da atividade policial, geralmente as crianças adoram assistirem filmes policiais, e se realizam, quando no final do enredo da estória, vencem os que combatem o crime, prendendo os criminosos. É desde a infância que o homem conhece a motivação de exercer a atividade policial, porém na vida prática o homem se depara com muitas dificuldades, algumas das quais os filmes policiais não mostram. Quando as dificuldades se acumulam e tomam determinada proporção, passam a representar fator de desestímulo, tornando as pessoas desmotivadas a exercerem suas atividades. Por isso se faz necessário, que modificações sejam efetivadas, na política de gestão dos recursos humanos da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, para que seje restabelecidos os fatores motivacionais, que geram qualidade na prestação de serviços, especificamente nos serviços de segurança pública, para que desta forma sejam atingidos os objetivos instituicionais e satisfeitos os anseios da sociedade que paga as contas públicas.
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